Como em toda especialidade, também na Cutelaria se utiliza uma diversidade de têrmos técnicos específicos, outros que foram adaptados e ainda outros regionais já amplamente aceitos como definições populares.
Consideramos de extremo interesse esclarecer esses têrmos cujo significado dentro da terminologia cuteleira por vezes difere daquele tradicionalmente aceito.
Neste glossário, incluiu-se o equivalente de alguns desses têrmos em língua inglesa devido ao fato de que a maior parte da bibliografia existente foi originalmente editada nesse idioma. Em alguns casos, por considerá-los de interesse geral, também se menciona o equivalente do têrmo nos idiomas espanhol, alemão e/ou francês.
Note que no caso de facas étnicas pode diferir bastante a forma com que se encontrará escrito seu nome em publicações diferentes. Isto se deve ao fato de que na maioria das vezes o nome foi adotado no mundo ocidental e nos idiomas inglês, espanhol ou português adaptado a partir de sua forma fonética no idioma original da região da qual procede o exemplar. Este é o caso do “Kris”, do “Kukrie”, “Skene Dhu”, “Kandjar”, etc. e em alguns casos incluiu-se também as diferentes versões mais habituais utilizadas em publicações estrangeiras. Atualmente, este já pode ser considerado o MAIOR glossário de têrmos sobre LÂMINAS EM GERAL da Internet (e talvez do mundo), mas colaborações serão sempre bem-vindas.
A |
Aço (ing. “steel”; ale. “stahl”; fra. “acier”; esp. “acero”)
É a combinação química de ferro e carbono, formando um corpo novo denominado carboneto de ferro, ou fórmula química Fe3C. (veja “Guia dos Principais Aços Modernos para Cutelaria Fina” em outras páginas, tais como “Investindo em Cutelaria”, “Facas Custom”, “Cutelaria Comercial Importada”, “Canivetes”, etc).
Aço cirúrgico (ing. “surgical steel”)
Primeira designação comercial do aço inoxidável 440 C quando aplicado a lâminas de facas e canivetes. O têrmo surgiu nos EUA no início da década de 1970 e o advento desse aço deu-se para a confecção de bisturis e pinças e outros instrumentos cirúrgicos.
Aço Damasco ou Aço de Damasco (ing. “Damascus steel”)
Liga/cristalização de aços para cutelaria com qualidades únicas de dureza e elasticidade. A designação provém da cidade síria de mesmo nome e onde os europeus tiveram contato inicial com esse metal, ainda no século 11, à época das Cruzadas. Moderna e tecnicamente, o processo de sua obtenção é o caldeamento de dois ou mais aços, com diferentes porcentagens de carbono, os quais -após a têmpera – mostrarão níveis diferentes de dureza, e a primeira faca moderna (em 1974) assim constituida foi criação do cuteleiro norte-americano Bill Moran, hoje um dos “papas” da cutelaria “custom” dos EUA. Pode ser obtido numa infinidade de padronagens e atualmente existe também o aço Damasco inoxidável. Embora o processo moderno de sua obtenção pouco tem a ver com o original (que era na verdade uma cristalização de diversos materiais) é também muito trabalhoso e exige perícia do forjador, o que eleva consideravelmente seu custo.
Aço fundido (ing. “cast steel” ou “crucible steel”; fra. “acier fondu”; ale. “guss stahl”)
Tipo de aço obtido pela primeira vez em Sheffield, Inglaterra, por Benjamim Huntsman (c. 1742), revolucionando a indústria de cutelaria por seus índices superiores de manutenção de fio e elasticidade. Foi utilizado em cutelaria de qualidade entre 1800 a 1920 aproximadamente.
Aço inoxidável (ing. “stainless steel”; ale. “rostfrei”)
Liga de aço com grande conteúdo de cromo em sua composição (habitualmente superior a 11%). Começou a ser utilizado comercialmente após a 1ª Guerra Mundial. Para cutelaria, os mais famosos da atualidade são o 440 C, ATS-34 e o 154 CM.
Adaga (ing. “dagger” ou “dirk”)
Arma branca com lâmina de duplo fio, geralmente utilizada para ferir sendo cravada, ainda que obviamente também possa ferir por corte.
“Adaga-de-liga” (ing. “garter dagger” ou “garter dirk”, ou ainda “garter knife”)
Designação do século passado para pequenas lâminas (não necessariamente no formato de adaga) que senhoras (respeitáveis ou não) levavam presas às ligas das meias. Normalmente, o comprimento das lâminas vai de 2 1/2 a 5 polegadas e o tipo tornou-se popular entre as chamadas “mulheres de vida fácil”, principalmente no Velho Oeste norte-americano e no submundo francês, neste último caso até os anos iniciais do século 20. Atualmente, as originais do tipo são muito disputadas por colecionadores.
Adaga mediterrânea (ing. “mediterranean dagger”)
Tipo de adaga típica na região européia do mesmo nome desde finais do século 18, com a lâmina de dorso não-afiado e que serviu de inspiração para as Bowies primitivas. Esta era a designação inicial quando começou-se a estudar as Bowies; posteriormente, por não ter duplo fio, os especialistas a rebatizaram com o nome tecnicamente mais apropriado de “faca mediterrânea”.
Alpaca (ing. “nickel silver”, ou “German silver”)
Liga utilizada na confecção de guardas, calços e pomos de facas,canivetes, espadas, etc, bem como em bainhas e bocais e ponteiras para elas, principalmente no século 19. Apresenta a mesma cor da prata e, com o tempo fica levemente amarelada, adquirindo pátina. Inventada na Alemanha por volta de 1810 por E. A. Geitner, mediante a combinação de cobre (50%), zinco (25%) e níquel (25%). Atualmente, uma grande parte dos cuteleiros “custom” voltou a usá-la.
“Aikuchi”
Pronúncia do nome japonês para os tantôs sem guarda. Veja “Tantô”
Âmbar
Seiva ou resina fossilizada de pinheiros pré-históricos, de característica cor amarela ou laranja translúcida e boa dureza. Em tempos modernos, o cuteleiro “custom” norte-americano D’Alton Holder reviveu esse material, utilizando-o em algumas de suas criações, entre elas seu mais famoso modelo denominado “My Knife”. (colaboração de Vicente Martelosi Jr., Londrina-PR)
“Arkansas toothpick” (palito de dentes do Arkansas)
Designação regional do Sul e Sudeste dos EUA no século 19 para Bowies de grandes dimensões. Na época, referiam-se mais àquelas que tinham lâmina “spear point” e com duplo fio, embora fabricantes ingleses do período chegassem a fabricar “clip points” que eram assim timbradas. Essa designação atravessou todo o século 20 e ainda é usada para definir uma grande Bowie, atual e principalmente se sua lâmina for “spear point”.
Arma branca
Designação particular e genérica nos idiomas Português e Espanhol para armas na forma de lâminas, englobando todos os tipos. O nome teria nascido do fato de o aço das lâminas refletir a luz e, assim, estas parecerem-se brancas.
Arnês (ing. “harness”)
Designação genérica de arreios, mas que no mundo da Cutelaria se aplica aos suportes e prendedores de alguns tipos de bainha, como aquelas de facas de combate que podem ser portadas no calcanhar, nas costas, etc, bem como algumas de sobrevivência que podem ser portadas no peito, com um arnês cruzado.
B |
Bainha (ing. “sheath” ou “scabbard”)
Proteção e abrigo da lâmina, habitualmente executada em couro, “papier maché”, madeira ou metal ou esses materiais combinados, também servindo para que uma faca possa ser portada e transportada com segurança. Normalmente, bainhas antigas em “papier maché”, madeira, ou madeira revestida com veludo, ou couro, possuíam ponteira e bocal em metal.
Bainha “Picaço” ou “Picanço”
Designação popular, de origem argentina mas usada também no Brasil e Uruguai, para um tipo de bainha de faca gaúcha de couro mas tendo ponteira, bocal e reforço intermediário em prata, ou alpaca, lavrada. No Brasil, esse tipo de bainha em facas gaúchas é muito raro.
Baioneta (ing. “bayonet”)
Conjunto de lâmina e empunhadura, nas mais diferentes configurações e tamanhos, afiado ou não, próprio para ser acoplado na extremidade de fuzis militares. Surgiram no final do século 16 na cidade de Bayonne, Sul da França, dai seu nome. Nos primeiros tipos (“plug bayonet” – baioneta-tampão) a empunhadura se inseria no cano; posteriormente surgiram tipos que se acoplavam abaixo ou na lateral do cano. A partir de 1880, iniciaram-se projetos para que a baioneta tivesse também a função de faca de trincheira, o que é o uso atual e a tendência futura.
Baioneta de parada (ing. “dress bayonet”)
Designação comum daquelas destinadas a paradas e desfiles militares. De acordo com conhecedores, teriam surgido na Alemanha à época da 1a. Guerra Mundial e proliferado durante todo o regime nazista. Normalmente, são mais bem acabadas do que as de combate e, por isso, mais valorizadas.
Barlow
Designação genérica de um tipo de canivete onde o “bolster” frontal é longo e de metal, dando mais rigidez ao travamento da lâmina. O nome vem do cuteleiro inglês John Barlow, que criou o modelo no final do século 18 e o exportou para os EUA em grandes quantidades e durante muitos anos. Muitos outros produtores o copiaram que esta tornou-se a designação de um modelo.
Bengala-estoque
Nome dado a bengalas cuja empunhadura está unida a uma lâmina perfuro-cortante, oculta e travada no corpo do objeto. As mais refinadas do tipo foram as produzidas na França e na Inglaterra do século 19, época em que naquele país criou-se um modismo para esse tipo de objeto, cujos originais em bom estado são hoje raros.
Biséis (ing.”bisels”)
Linhas de encontro dos diferentes planos de uma lâmina. No Brasil, também usa-se o termo “vazados”, ou “vazados de uma lâmina”.
Blackjack
Empresa norte-americana da cidade de Effingham, Illinois, atuante entre 1987 e 1995 (oficialmente encerrada em 1998) que tornou-se famosa por produzir em série excelentes cópias das mais destacados facas da célebre Randall, obviamente que a preço mais acessível (cerca de 60% daqueles da original inspiradora) e com exemplares imediatamente disponíveis. Por volta de 1995, a Blackjack adquiriu a famosa marca norte-americana Ek, fabricante de facas militares desde a 2a. Guerra Mundial. Atualmente, alguns dos modelos da Blackjack já começam a ser disputados por colecionadores. No final de 2000 o reputado escritor Ken Warner, especializado em Cutelaria, adquiriu a marca e o pouco estoque que restava e o está comercializando, já com preços de itens colecionáveis, bem como lançando modelos novos. Recentemente, descobriu-se que a Blackjack também produziu pequenas partidas de exemplares com características “custom” (levemente modificados para melhor em relação aos de série) e hoje estes são extrema e avidamente disputados.
Bloqueio (mecanismo de) (ing. “lock”)
Mecanismo de canivetes e facas de lâmina dobrável que impede o fechamento acidental da mesma. Existem diferentes variantes desse mecanismo, as mais populares e antigas com uma mola laminar-alavanca sobre o dorso da empunhadura, a qual é empregada para liberar o sistema.
Bob Loveless
Veja Loveless
Bocal (ing. “throat”)
Peça metálica, ou de couro, na “boca” da bainha. Serve de reforço e/ou proteção da mesma e como elemento decorativo. As metálicas foram de uso amplamente difundido em facas européias, Bowies e também nas gaúchas do tipo “campeira”.
“Bolster(s)”
Porção(ões) metálica(s) de reforço e acabamento nas extremidades de canivetes clássicos. É também a designação da mesma parte na extremidade dianteira (junto à lâmina) em algumas facas utilitárias e/ou “skinners”.
“Botão”
Designação popular da junção reforçada e integrante da lâmina com a parte de “espigão” (ou “tang”, em inglês); geralmente, tem forma arredondada ou ovalada, e pode ser liso ou com algum trabalho. O “botão” foi extremamente comum nas adagas e facas mediterrâneas e também ocorre nas facas inspiradas nelas, como as brasileiras e mesmo as Bowies,
Bowie
Designação genérica norte-americana para facas de defesa, empregada inicialmente nas fronteiras dos EUA desde os primeiros anos do século 19 e que se divulgou para todo o mundo, fazendo deste tipo de faca a mais famosa do mundo. O período áureo de seu uso nos EUA foi até pouco depois da Guerra da Secessão (1861-1865). O nome provém de seu mais famoso usuário, o Coronel James Bowie, morto heroicamente na batalha de El Álamo (1836). Ainda que sua invenção fosse também disputada pelo irmão mais velho, Rezin Bowie, sem dúvida facas deste tipo já eram utilizadas nas fronteiras norte-americanas algo antes que Jim Bowie as popularizasse e imortalizasse com seu próprio nome, a partir da morte de um inimigo politico, num duelo onde foi padrinho de um dos contendores. A pronúncia dessa palavra em idioma inglês é “buie”, o “e” quase sumindo; em países de língua portuguesa e hispânica, a pronúncia corrente é “bôl-í”.
“Bowie confederada” (ing. “confederate Bowie”)
Designação genérica de facas Bowie utilizadas na Guerra da Secessão (1861-1865) dos EUA. É importante notar que o termo define tanto Bowies artesanais quanto comerciais, de vários tamanhos, que foram usadas naquele conflito e não apenas as normalmente de grandes proporções, que tem a guarda em “D” unindo-se ao pomo e propiciando assim proteção adicional para os dedos da mão. Nos últimos anos, justamente para evitar essa confusão, colecionadores norte-americanos cunharam também o têrmo “D guard Bowies” (ou “Bowies com a guarda em D”), que melhor define as desse tipo. Normalmente, as Bowies confederadas artesanais eram bastante rústicas e até 1985 foram marginalizadas pelos colecionadores; atualmente são das mais disputadas e, por isso, valorizadas.
“Bowie dobrável” (ing. “folding Bowie”)
Faca de defesa ou de caça cuja lâmina se insere na empunhadura,como se fosse um grande canivete. Algumas versões mais clássicas (inglesas, alemãs e francesas) possuiam guardas duplas e outras eram como canivetes de dimensões variadas (inclusive pequenas), apenas com lâminas de formato mais agressivo. Quando com lâminas de duplo fio eram chamadas de “folding dirks”, ou “adagas dobráveis”.
“Bowie primitiva” (ing. “primitive Bowie”)
Designação genérica que tanto se aplica a facas Bowie rústicas (como aquelas produzidas por ferrreiros das fronteiras do Velho Oeste no século 19), quanto as primeirissimas originais do tipo (normalmente como adagas mediterrâneas com guarda dupla, ou com “clip point” reto, grande parte delas com acabamentos sofisticados, muitos dos quais utilizando prata, marfim e outros materiais nobres).
Brítola
Canivete de grandes dimensões (lâmina entre 4 e 6 polegadas), de origem italiana e característica lâmina curva, originalmente próprio para o corte de cachos de uva, posteriormente tendo seu uso generalizado para outras atividades rurais.
“Burl Wood” (literalmente, madeira com nós)
Designação genérica de tipos raros e variedades exóticas de madeiras, sempre destinadas a trabalhos nobres, onde os nós são bastante pronunciados. Atualmente, para essas e outras madeiras nobres destinadas a facas e outros objetos artísticos, criou-se um processo de estabilização (“stabilized wood”), onde as peças são impregnadas com monomeros e/ou resinas acrílicas.
C |
Calço (ing. “bolster”)
Proteção metálica para o início da empunhadura, junto à guarda.
Caldeamento
Processo de soldadura a quente, através de martelo ou martelete, com o objetivo de combinar 2 ou mais metais, principalmente aços modernos usados em cutelaria. Modernamente, assim é obtido o famoso aço Damasco e também podem ser obtidos alguns tipos de “mokumê” (combinação de metais não-ferrosos, usado desde tempos medievais em partes de espadas e facas japonesas, objetos decorativos, etc).
“Camp knife”
“Camp” em inglês significa acampamento. Designação genérica de toda e qualquer faca robusta, comercial ou artesanal, nao importando o tipo de lâmina, que pode (e deve) ser levada para o campo, destinada a tarefas gerais em um acampamento. Uma corrente de especialistas norte-americanos afirma que tais facas devem ter entre 8 e 10 polegadas de lâmina, “spear point” e serem algo mais pesadas que o normal.
“Campeira”
Tipo de faca gaúcha sem requintes desnecessários, utilizada quase que exclusivamente nos campos. Normalmente, sua empunhadura é constituida de uma só peça de chifre de veado ou madeira e a bainha não apresenta terminais metálicos; entretanto raros exemplares podem fugir dessa definição, inclusive algumas tendo empunhadura em prata lavrada (habitualmente de forma simples). Essa designação é a mesma também na Argentina e no Uruguai.
Caneluras (ing. “file work”)
Trabalho decorativo no dorso e/ou ricasso da lâmina, e/ou também em guardas de facas e executado com limas. Normalmente apresenta a forma de corda torcida. Também pode ser utilizado nas empunhaduras de facas e espadas, por sua beleza e funcionalidade ao proporcionar uma boa “prega”. Da palavra “galones”, sua correspondente no idioma espanhol, deriva o nome de uma decoração típica de facas gaúchas produzidas na área do Rio da Prata (“galoneadas”), as quais utilizam essa forma na empunhadura e na bainha de prata.
Canivete (ing. “folding knife”)
Designação em idioma Português para lâmina que possa ser articulada (dobrada) e completamente inserida, abrigada, numa empunhadura. Caso o comprimento da lâmina exceda o da empunhadura, o item deve ser classificado como faca dobrável. Em Inglês não existe essa diferenciação. O têrmo correspondente em Espanhol é “navaja” (navalha), apropriado pelo idioma Português para definir, especificamente, navalhas de barbeiro, que também é uma lâmina que se abriga, ou se insere, completamente numa empunmhadura. Os canivetes mais antigos que se conhecem datam do final da Idade do Bronze (2000 – 700 a.C). Os mais antigos exemplares com lâminas de ferro conhecidos foram encontrados em escavações na Roma antiga e são datados por arqueólogos como tendo sido manufaturados por volta do ano 900. Ambos os tipos (quer com lâmina de bronze ou de ferro) apresentam empunhadura cilíndrica, em uma só peça, produzida de diversos materiais (bronze, pedra, marfim, etc) e a lâmina é apenas pivotada (então não existindo qualquer mecanismo de travamento, quer quando aberta ou quando fechada) em um eixo numa das extremidades dessa empunhadura.C(então
Canivete automático (ing. “switchblade knife”)
Tipo de canivete cujo destravamento e rápida abertura da lâmina se faz com o premir de um botão situado numa das faces de sua empunhadura. Os criadores do tipo foram os italianos, mas alemães também os produziram. Atualmente, a maior empresa produtora desse tipo de canivete é a italiana Mazerin. O tipo foi celebrizado em todo o mundo na década de 1950, quando era “coadjuvante” das películas de James Dean.
“Canivete bullet” (ing. “bullet knife”)
“Bullet” em inglês significa bala. O têrmo originalmente refere-se a canivetes lançados pela empresa norte-americana Remington (produtora de armas de fogo) na década de 1920 cuja empunhadura de chifre de veado ou “jigged bone” apresentava em uma das talas pequena plaqueta de alpaca com o formato de um cartucho de fuzil. Embora a produção de tais canivetes tivesse sido interrompida no final da década de 1930, nos anos 60 algumas empresas de canivetes dos EUA copiaram essa característica apresentação em alguns modelos. No início da década de 1980, a Remington licenciou a Camillus a produzir séries anuais de réplicas de modelos originais desses canivetes com empunhaduras em Delrin e a partir daí foi cunhado o têrmo. Para alguns modelos dessas réplicas existe uma sub-série luxuosa e limitada, denominada “Silver Bullet” (“Bala de Prata”), onde esse metal é usado no cartucho que decora a empunhadura e nos “bolsters” (habitualmente lavrados), dessa vez usando chifre verdadeiro ou “jigged bone”. Atualmente, alguns cuteleiros “custom” dos EUA também executam modelos com essa apresentação.
“Canivete cigano”
Designação popular de típicos canivetes de grande tamanho, normalmente com lâminas “spear point” maiores do que 7″, travamento no sistema de catraca (como nas “navajas” espanholas), sem guarda e com talas de chifre bovino, usados por populações ciganas da Europa, algumas das quais imigraram para a América do Sul.
“Canivete champagne” (ing. “champagne knife”)
Raro tipo de canivete que, além de lâmina(s) principal(is), incorpora também um pequenino alicate para cortar arame e, eventualmente, um saca-rolhas. Podem ser muito requintados e também podem conter publicidade de fabricantes de vinhos.
Canivete de caça (ing. “hunting folding knife”)
Designação genérica de canivetes com lâmina(s) entre 4 e 6 polegadas destinados a serem substitutos das clássicas facas de caça.O tipo surgiu na Alemanha, em finais do século 18.
Canivete de cavalheiros (ing. “gentlemen folding knife”)
Designação genérica desde o século 19 na Inglaterra e EUA para pequenos canivetes, normalmente com 1 ou 2 lâminas, de pouca espessura e requintados, habitualmente produzidos para as pessoas de fino trato daquelas sociedades. O tipo sobreviveu ao século 20 e ainda é relativamente bem produzido por cuteleiros “custom”.
“Canivete-de-fricção”
Veja “Friction folder”
“Canivete-de-marinheiro” (ing. “sailor’s folding knife”)
Designação genérica de canivete utilitário, por vezes oficial em diversas Marinhas, entre elas as dos EUA e da Inglaterra, normalmente composto de 1 lâmina habitualmente sem ponta, ou de ponta reta, e um “espigão” semi-curvo, próprio para afrouxar nós de cordas. Esse tipo de canivete surgiu na Marinha inglesa no início do século 19.
Canivete de propaganda (ing. “advertising knife”)
Exemplares contendo em suas talas de empunhadura (ou, em raros casos, também na lâmina) nomes ou publicidade de empresas, produtos, etc. Nos EUA e Europa existem grandes coleções desse tipo, onde, normalmente, alguns exemplares podem comandar preços quase inacreditáveis devido a sua raridade.
Canivete tático (ing. “tactical folding knife”)
Designação de canivetes modernos, de sólida construção e bom sistema de travamento da lâmina, habitualmente com mecanismo de abertura com uma só mão, e sem requintes desnecessários, onde o mais prezado é sua robustez e facilidade de aplicação em situações de emergência.
Canivete utilitário (ing. “utility knife” ou “utility folding knife”)
Designação genérica de tipos que possuem várias lâminas/ferramentas, para diversos fins. Embora a maioria das pessoas pense que foram os suíços os criadores do tipo, os ingleses já os produziam a partir do século 18. Os suíços apenas popularizaram o tipo a partir do final do século 19.
Caroca (ou “Caroca”)
Sobrenome da mais famosa família de cuteleiros das regiões Norte e Nordeste do Brasil, baseados em diversas cidades da Paraíba durante 3 (tres) gerações desde o começo do século 20 e até a década de 1970. Suas facas e punhais foram de tanta qualidade e fama que o nome tornou-se genérico para designar modelos com acabamento superlativo produzidos por outros artesãos das mencionadas regiões, entretanto especialistas facilmente identificam as originais das imitações.
“Caroneira” ou “Caronera”
Designação da longa faca de defesa usada pelos gaúchos e que é transportada na “carona”, tipo de manta que fica por baixo da sela do cavalo. Normalmente, sua lâmina é do tipo “spear point” e a guarda é dupla.
“Carving Set” (conjunto de trinchar)
Nome genérico de conjuntos de cutelaria fina de mesa usados para cortar carnes, compostos de faca e garfo grandes e chaira, ou apenas com os 2 primeiros itens, habitualmente comercializados em estojos. São particularmente famosos os de origens inglesa e alemã do século 19 e início do 20 e, mais modernamente, um modelo construido pela conhecida marca norte-americana Randall (colaboração de Michael Rethmeyer, de São Paulo -SP).
“Cast Steel”
Veja Aço fundido.
Celeron
É a designação genérica nacional para a Micarta, material de grande robustez originalmente utilizado como isolante elétrico. É a combinação de resina fenólica com outros elementos. Na forma de placas e tarugos pode ser usado para empunhaduras e espaçadores de facas. No Brasil, é usado com relativa frequência, o mais apreciado para empunhaduras sendo o de cor marrom e que apresenta alguma textura. Veja Micarta.
Chaira (ing. “sharpening steel”)
Bastão de aço, cilindrico ou ovalado, com ou sem estrias longitudinais, que se utiliza desde tempos imemoriais para assentar o fio de lâminas. Embora a tradução do têrmo inglês seja literalmente “aço de afiar” e muitos acougueiros também julguem que as chairas afiam lâminas, tecnicamente ela serve tão somente para o propósito citado. a
Chicote-estoque ou chicote-estilete
Nome dado a um raro tipo de chicote, normalmente de montaria, curto, cuja empunhadura está unida a uma lâmina perfuro-cortante oculta e abrigada pelo corpo do objeto. Foi relativamente popular durante todo o século 19 em algumas regiões rurais européias (principalmente da França), da Argentina, Uruguai e do Brasil, principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul e Interior de São Paulo. Em nossos pampas gaúchos, seu uso perdurou até a década de 1920.
“Clip point”
Tipo de lâmina onde o terço final do dorso, ou contra-fio, é em arco côncavo, ou reta descendente, unindo-se ao fio projetado para cima em curva.
Cimento de cuteleiros
Designação de antigos compostos destinados a fixar o “espigão” de lâminas na empunhadura de facas. Nos centros cuteleiros de Sheffield, Inglaterra, e Solingen, Alemanha, do século 19 era uma mistura de cera de abelha, pó de mármore e cola de madeira (daquelas antigas, em folhas, que se derretia em água fervente); no Brasil até os anos finais da década de 1920 se usava também uma mistura de goma laca forte com algo moido, normalmente serragem ou pó de alguma pedra. Posteriormente, usaram-se compostos derivados dos primeiros plásticos, desses que amolecem em água fervente. Modernamente, após os anos da década de 1970, com o advento dos compostos de base epoxi, utilizam-se travadores químicos industriais e a antiga designação deixou de ser usada.
Cimitarra
Lâmina de origem provavelmente persa e amplamente utilizada em armas brancas do Oriente Médio. Apresenta ponta muito aguda e curvatura suave, harmônica e elegante.
“Cinquedea”
Esta palavra é a corruptela do têrmo que, em italiano antigo, significa “cinco dedos”. Foi um clássico punhal da Itália medieval cuja lâmina tinha uma base bem larga, com a medida de 5 dedos de largura, daí o nome.
Contra-fio ou dorso (ing. “back”)
Porção diametralmente oposta ao fio, normalmente não afiada.
.“Convex ground” (vazado convexo)
Tipo de vazado de lâmina que é exatamente o oposto do “hollow ground”, ou seja, o desbaste e o polimento são convexos. Esse tipo de desbaste e polimento foi muito utilizado pela célebre Joseph Rodgers e atualmente também na maioria das criações da famosa marca norte-americana Randall.
Cordura
Tecido sintético com a textura de lona, de alta resistência, utilizado também na construção de bainhas de facas modernas.
“Cortaplumas” (ing. “pen knife” ou “quill knife”)
Embora essa palavra espanhola seja vulgamente utilizada para definir canivete, em verdade ela refere-se especificamente a uma faca, dobrável ou não, de lâmina pequena, geralmente lanceolada, de fio agudo, originalmente criada para preparar penas de aves usadas para escrever. É também comumente usada na Argentina e Uruguai para definir, de forma genérica,qualquer tipo de canivete.
“Crocus finish” (acabamento com pó para polir)
Clássico polimento da indústria cuteleira de Sheffield, Inglaterra,no século 19, de característico acetinado e por vezes mostrando reflexos levemente azulados e pequeninos riscos quase microscópicos. Sua obtenção era laboriosa: ao findar do dia de trabalho, os auxiliares dos polidores untavam as rodas de polir com cola, pulverizavam sobre elas finos pós de esmeril e, no dia seguinte, já secas, elas estavam prontas para novas tarefas. As Bowies antigas e clássicas são muitíssimo valorizadas quando em suas lâminas percebe-se mais de 70% de “crocus finish”. Foi o acabamento preferido do célebre cuteleiro norte-americano D.E.Henry, que “re-inventou” as Bowies inglesas.
“Custom”
Designação norte-americana que literalmente significa “cliente” ou “alfândega”, mas que – a partir dos anos iniciais da década de 1960 – também começou a ser usada para definir algo especial, feito sobre encomenda e atendendo desejos especificos de um cliente. No início dos anos 70, com o “boom” da cutelaria artesanal nos EUA, também passou a ser aplicado a facas. Hoje, o têrmo é voz corrente entre os colecionadores de cutelaria de todo o mundo.
Cutelaria / Cuteleiro (ing. “cutlery” / “cutler”)
Ambas as palavras derivam do Latim: cultellus, significando faca, e cultellarius, literalmente significando “fazedor de facas”. Embora inicialmente referindo-se apenas às facas, ao longo do tempo a atividade da Cutelaria foi ampliada e hoje nela incluem-se a produção de tesouras, navalhas, garfos, colheres, etc. No Brasil, esses têrmos também se aplicam à produção de espadas e machados. Em língua inglesa, o primeiro registro escrito que se tem de um cuteleiro data do século 12 e refere-se a um profissional de Londres chamado de “Adam, the Cutler”.
D |
“Daisho”
Pronúncia do têrmo japonês que significa “par de espadas”. Um “daisho” pode ser composto de um “kataná” e um “wakisashi” (o mais comum), ou de um “kataná” e um “tantô”. Num suporte para “daisho”, as espadas são sempre colocadas com o fio para cima e a empunhadura no lado esquerdo.
Damasquinado ou Adamascado
Nome do processo de preenchimento de baixos relevos em superfícies metálicas com ouro e/ou prata. O nome provem da cidade síria de Damasco. O processo originou-se no antigo Egito, foi aprimorado pelos árabes e, a partir do século 15, tornou-se famoso na cidade de Toledo, onde teve seu apogeu no século 19 e início do 20. A industria espanhola de Armas de Fogo e em especial a cutelaria de Toledo usou essa elaborada técnica de decoração em algumas de suas melhores peças.
D.E.Henry
Daniel Edward Henry foi um célebre cuteleiro norte-americano (1924-1993), ativo desde 1948 e até por volta de 1991, que nos anos da década de 1970 (e até o final de sua produção) “re-inventou” as clássicas facas Bowie inglesas do século 19 sob uma visão “custom”. Morando em Mountain Ranch, California, produziu 478 facas, a maioria Bowies clássicas consideradas, sob pontos de vista técnicos, melhores do que as originais. Na década de 1980 o tempo de espera para suas lindas criações era de 10 anos. Foi autor do livro “Collins Machetes and Bowies”. Pouco antes do falecimento sua fama era tanta que alguns cuteleiros, colecionadores e especialistas norte-americanos cunharam o termo “Henry style” (estilo Henry) para definir criações artesanais modernas e requintadas que copiavam (e melhoravam) as clássicas Bowies inglesas. Atualmente, suas criações mais clássicas estão extremamente valorizadas e são cotadas na média entre US$ 3,000.00 e US$ 5,000,00, dependendo do modelo, época de confecção e material de empunhadura.
“Dealer”
Revendedor, em inglês. Mas no segmento dos objetos colecionáveis, o têrmo adquiriu recentemente uma aura de sofisticação, sendo interpretado como “aquele que procura o que o cliente quer”.
“Delrin”
Material sintético de base plástica, usado principalmente na indústria cuteleira norte-americana, como alternativa mais resistente (e barata) para o “jigged bone”, ou osso escalavrado, ou o clássico chifre de veado. É o material usado, por exemplo, nos modernos e famosos canivetes da série Remington Bullet.
Desbaste
Processo de retirada bruta de material. Em uma lâmina, destina-se a eliminar peso desnecessário e, ao mesmo tempo, conceder-lhe os “vazados” (biséis) iniciais.
“Dirk”
Veja Adaga. Esse termo serve também para definir a típica faca escocesa de luta, que é habitualmente provida de uma bainha incluindo duas peças acessórias, uma faca menor e um garfo.
“Doctor’s knife” (faca de doutor)
Pequena faca ou canivete, habitualmente com a lâmina de ponta arredondada e, ao final da empunhadura, uma estrutura chata, circular ou oval, de metal, muito usada por médicos do século 19 e começo do 20. Destinavam-se a separar pós, cortar comprimidos e eventualmente pulveriza-los com o mencionado apêndice de metal da empunhadura. O tipo foi mais produzido na forma de canivete. Atualmente, para fins de colecionismo, algumas empresas dos EUA fabricantes de originais famosos os relançaram.
“Drop point” (ponta caída)
Designação popular norte-americana tornada clássica para um tipo de faca utilitária e de caça, normalmente com lâmina entre 3 e 5 polegadas de comprimento. Segundo alguns especialistas internacionais, o tipo e o nome teriam sido criados pelo cuteleiro norte-americano Bob Loveless, na década de 1970. Maiores informações, veja Loveless.
Dureza Rockwell C
É uma escala de dureza de metais usada em Cutelaria. Através de um aparelho chamado durômetro (uma espécie de prensa), uma ponta de diamante industrial penetra duas vezes num mesmo ponto de uma superfície de metal temperado: a primeira com uma pré-carga de 10 kg e a segunda com a carga-padrão de 150 kg; a diferença de profundidade entre as duas penetrações foi transformada em diversos tipos de escala, sendo a Rockwell C uma delas. Assim, quanto menos a ponta de diamante penetrar na superfície de aço com a carga-padrão, maior será a dureza nessa escala. Embora moderna e tecnicamente uma boa lâmina de aço para faca possa ter entre 52 e 61 graus da escala Rockwell C, no passado essa medida raramente atingia 50 graus.
E |
Ébano
Clássica madeira africana de característica cor negra e grande densidade, utilizada também para empunhaduras de facas, adagas, etc, desde tempos imemoriais. Existe também o tipo Macassar, com estrias marrons (parecido com nosso jacarandá), menos valorizado mas igualmente denso. O ébano é a árvore nacional da Tanzânia, onde chama-se “M’Pingo”.
Empunhadura (ing. “hilt”, “handle” ou “haft”)
Seção posterior à guarda, destinada a abrigar confortalmente a palma da mão, dando firmeza no empunhar de uma lâmina.
Empunhadura “coffin”
“Coffin” em inglês é caixão e aqui refere-se especificamente aos de defuntos. Famoso e clássico formato de empunhaduras de Bowies do século passado.
Empunhadura “corta-tortas”
Tipo de empunhadura usado em algumas Bowies e adagas do século 19, principalmente as de origem inglesa exportadas para os EUA, onde o tipo tornou-se um fugaz modismo entre 1850 e 1865. Aproveitava as empunhaduras, de prata ou alpaca, utilizadas nos mencionados talheres.
“Enterço”/”Enterçado”
Designação genérica brasileira para definir quando uma lâmina é inserida (e normalmente presa por rebites) numa estrutura única de empunhadura e ricasso própria para esse fim. É o sistema de fixação por excelência das facas e facões Sorocaba (ou “Sorocabanas-os”) do primeiro tipo, antes de o modelo ser industrializado. A designação teria vindo do terçado romano (uma espécie de espada) da Antiguidade e/ou do fato de esta estrutura, quando vista de cima, mostrar que existem 3 segmentos distintos na junção entre empunhadura e lâmina: 2 que são as paredes laterais da empunhadura-ricasso e 1 central, onde a lâmina é presa.
Escudo
Pequenina placa decorativa, habitualmente de níquel, alpaca, latão, prata ou ouro, agregada a uma ou ambas as faces da empunhadura, normalmente utilizada para a gravação do nome ou iniciais do proprietário.
Eskilstuna
Cidade que foi o maior centro cuteleiro da Suécia, desde o século 19. Posteriormente, Eskilstuna ganhou uma rival de peso nessa colocação, a cidade de Mora. Em ambas, foram (e ainda são) fabricados alguns dos melhores “pukkos” do mundo (colaboração de Danny Winnyteser, de São Paulo (SP).
Espaçadores (ing. “spacers”)
Em facas antigas, principalmente Bowies, finas lâminas de latão, cobre, alpaca ou níquel que eram inseridas entre as talas de material natural e o “tang”, para evitar que o contato com o aço causasse corrosão. Em facas mais modernas, com “espigão” oculto e principalmente a partir da década de 1920, finas “fatias” de fibra, ou chifres diversos, usadas para separar os diversos materiais que compõem uma empunhadura, dando assim um acabamento melhor e mais contrastado.
Espadas japonesas
São as seguintes: “wakizashi”, pronúncia do têrmo japonês para “lâmina média”, com comprimento aparente de 44 a 53 cm; “kataná” (ou “uchigataná”), pronúncia do têrmo japonês para “espada” (ou “espada de combate”), com lâmina de comprimento aparente de 53 a 62 cm; “tatchi” (ou “daitô”), pronúncia do têrmo japonês para “espada longa”, com lâmina de comprimento aparente de 62 a 70 cm ou, em raros casos, maior. Na cultura japonesa, o “tantô” também é considerado uma espada, embora não seja assim no mundo ocidental; para maiores informações, veja Tantô.
Espadim
Como o próprio nome diz, uma pequena espada, normalmente de uso cerimonial por forças militares e policiais.
“Espigão” (ing. “tang”)
Prolongamento da lâmina destinado a ser inserido no material de empunhadura, ou a abrigar as talas (quando acompanha o formato destas é chamada de “full tang”).
Estrutura ou chassi de empunhadura
Parte relativamente comum em facas antigas, na maioria dos casos em níquel ou prata, em diversas configurações a partir de um retângulo, destinada a abrigar as talas. Uma grande parte das estruturas de empunhadura de facas Bowie inglesas incorpora o pomo e o calço.
F |
“Faca Baixa Verde” (ou “de Baixa Verde”)
Veja “Faca Pajeú”.
“Faca carneadeira” (ou simplesmente “carneadeira”)
Designação popular e particular da região Sul do Brasil para um tipo de faca similar às de cozinha, com lâmina de comprimento entre 20 e 30 cm e largura de 4 a 6 cm, própria para trabalhar a carne de maneira profissional. Esse tipo de faca surgiu por volta de 1820, quando naquela região intensificou-se o comércio da “charqueada”, onde a carne tinha que ser cortada em mantas para posterior salgamento. A empunhadura é sempre em duas talas, que podem ser de madeira ou chifre bovino, e as primeiras lâminas teriam sido reaproveitadas de serrotes traçadores. É também conhecida como “faca charqueadeira” ou simplesmente “charqueadeira” (colaboração de Reus Ercolani, Santa Maria-RS).
“Faca cega” (ing. “dull knife”)
Têrmo popular brasileiro para definir faca sem fio, que não corta.
Faca “custom”
É a designação moderna (a partir da década de 1970) de uma faca produzida artesanalmente seguindo padrões e tendo materiais determinados previamente pelo cliente (“custom”, em inglês). Com a crescente aceitação desse tipo de faca especial, os próprios cuteleiros passaram a selecionar melhor os materiais, a esmerar-se mais nos “designs” e no acabamento e atualmente qualquer faca artesanal com essas características pode ser assim definida, independendo de um cliente te-la ou não encomendado.
“Faca (ou adaga) d’Estaing”
Segundo o clássico livro “Cutelaria- de Suas Origens Até a Atualidade” (Cammile Page, 1900), é uma faca, ou adaga dobrável, projetada pelo almirante francês Charles Henri d’Estaing (1729-1794) em 1780, destinada a ser usada a bordo de barcos e de multiplas funções: alimentação, tarefas gerais e defesa. Segundo especialistas europeus, dessa criação derivam-se todas as demais facas dobráveis (colaboração de René Audubon, Curitiba-PR).
“Faca Embuá” ou de “Cabo-de-embuá”
Designação popular de um estilo de empunhadura de facas e punhais das regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde finos discos de materiais diversos (chifres, madeiras,fibras, marfim,etc) se mesclam com outros de metais (latão, alpaca, etc), oferecendo um contraste visual agradável. Embuá é o nome popular e regional do piolho-de-cobra, pequeno animal invertebrado da classe Diplopoda.
“Faca-esqueleto” (ing. “skeleton knife”)
Designação moderna para facas sem talas de empunhadura, onde o material da lâmina se prolonga para trás e é apresentado nú, ou -quando muito – com um cordame enrolado, apenas para torná-lo mais confortável ao manuseio.
“Faca de arrasto”
Designação popular particular das regiões Norte e Nordeste do Brasil para facas e punhais de lâminas exageradamente longas, normalmente usadas por cangaceiros. Essa designação teria se originado no fato de que por serem muito longas levavam mais tempo para serem sacadas, ou “arrastadas”, da bainha. É também outra designação para a atualmente raríssima “Faca Parnaíba” (ou “Parnahyba”) citada na literatura brasileira do século 19 e começo do 20 e vista em ilustrações do Brasil Colônia, normalmente com lâmina de mais de 45 cm e guarda em “D”. O nome refere à cidade de Parnaiba, no Piauí, onde o tipo teria surgido.
Faca de arremesso (ing. “throwing knife”)
Tipo especialmente projetado e construido para ser lançado, onde o equílibrio entre as porções de empunhadura e lâmina são muito estudados. Habitualmente, as mais modernas não apresentam talas de empunhadura.
Faca de bolso (ing. “pocket knife”)
em inglês, o mesmo que canivete.
Faca de bota (ing. “boot knife”)
Designação genérica de diversos tipos de facas, ou adagas, próprias para serem portadas no lado de dentro do cano das botas. O tipo teria surgido na Europa ainda no século 17 e se consagrou nos EUA a partir do século seguinte, tendo atravessado todo o período do Velho Oeste. Embora em tempos passados tivessem médias dimensões (devido ao maior cano da botas da época), chegaram aos nossos dias raramente tendo lâminas maiores do que 4 polegadas de comprimento.
Faca de caça (ing. “hunting knife” ou “hunter’s knife”)
Designação de faca compactas, normalmente com lâminas entre 3 1/2” e 6 polegadas, de vários formatos. Essa designação parece ter surgido na década de 1970, com o “boom” da cutelaria artesanal nos EUA. Sua criação é atribuida por especialistas ao cuteleiro norte-americano Bob Loveless e tornou-se voz corrente entre os apreciadores de cutelaria em todo o mundo.A partir da década de 1980, houve uma tendência norte-americana de encurtar o termo, muitos cuteleiros “custom”, fabricantes e publicações tratando-as simplesmente de “hunters”, algo como “caçadoras”.
“Faca comando” (ing. “commando knife”)
Designação genérica e moderna de punhais utilizados por unidades militares e policiais em operações especiais. Esse nome provem dos punhais Fairbairn-Sykes utilizados pelos comandos ingleses na 2a. Guerra Mundial. Veja também “Fairbairn-Sykes”.
“Faca-de-coronel”
Designação popular, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, para facas e punhais requintados, normalmente longos, originalmente usados por coronéis políticos e/ou aqueles das Guardas Nacionais desde o século 19 e até início do 20. No Sul da Bahia, pode também designar facas com bainhas de prata dobráveis, com uma ou duas dobradiças para que não se partam com grandes movimentos do corpo, como, por exemplo, montar a cavalo.
“Faca Curvelana”
Designação de antigas facas utilitárias e de defesa brasileiras nascidas na cidade de Curvelo (MG). Teriam surgido por volta de 1880-1890, têm empunhadura muito característica (reta em cima e curva na parte de baixo) e, curiosamente, “clip point” reto, como em algumas Bowies clássicas.
Faca de escoteiro (ing. “scout knife”)
Inicialmente, é importante notar que esse têrmo inglês significa também batedor. Assim, essa designação tanto pode se aplicar a uma faca de lâmina fixa, própria para auxiliar o trabalho, por exemplo, de um batedor de exército, ou patrulha, no campo, quanto – como é mais comum nos EUA – definir um canivete utilitário, daqueles do tipo suíço, com várias lâminas/ferramentas, assim, claro, mais próprio para as necessidades de um escoteiro. Modernamente, a segunda definição é mais aplicada nos EUA, onde existem muitos colecionadores específicos do tipo.
Faca de gravidade (ing. “gravity knife”)
Tipo de faca onde a lâmina fica inserida em sua empunhadura e, quando acionado um botão destravador ou fortemente chacoalhada para a frente, ela se desloca e, ao mesmo tempo, se trava. Há um modelo (raro) desse tipo de faca utilizado por paraquedistas nazistas.
Faca “língua de chimango”
Designação tipicamente gaúcha para facas cuja lâmina seja de pouca largura, ou estreita. Chimango (ou ximango) é uma ave de rapina, falconídea, semelhante ao carcará, porém menor e abundante nos pampas do Rio Grande do Sul.
“Faca-de-padre” (por vezes “Faca-de-jesuíta”)
Designação brasileira para um raríssimo tipo de faca, utilitária ou mais normalmente de mesa, utilizada por algumas ordens religiosas cristãs a partir da Idade Média e, calcula-se, até o início do século 20. Habitualmente, sua lâmina tem gravações em Latim relativas a orações próprias para agradecer e abençoar o alimento.
“Faca de pescoço” (ing. “neck knife”)
Tipo de faca pequena e compacta, para propósitos de defesa e/ou utilitários, cuja bainha apresenta um cordão para prendê-la no pescoço. Embora seja uma criação da cutelaria “custom” norte-americana da década de 1990, os índios dos EUA desde tempos remotos costumavam assim portar suas facas.
“Faca-de-Ponta”
Designação brasileira inicial das facas destinadas ao ataque e defesa. Figura em documentos já a partir do início do século 18.
Faca de sobrevivência (ing. “survival knife”)
Designação genérica de facas destinadas a auxiliar a sobrevivência em condições extremas, a partir da metade da década de 1980. Normalmente, tem a empunhadura constituida de um tubo metálico e oco (no interior do qual se guardam itens básicos para a manutenção da vida humana: um pequeno “kit” de pesca, artefato para fazer fogo, etc), que também a transforma em ponta de lança. De forma moderna, surgiram no início da Guerra do Vietnã, através de uma criação do cuteleiro norte-americano Randall, e tornaram-se mundialmente famosas a partir do primeiro filme da série “Rambo”, com um modelo do artesão Jimmy Lile.
Faca de trincheira (ing. “trench knife”)
Designação genérica de facas (muitas vezes punhais) utilizados por soldados, principalmente nas duas guerras mundiais. O tipo não tem um modelo próprio, variando muito sua forma, tamanho, etc, dependendo do país e da época. Na 1a. Guerra Mundial existiram exemplares que foram construidos por soldados a partir de estilhaços de bombas, pregos de cercas, baionetas quebradas, etc.
Faca índia (ing.”indian knife” ou “indian trade knife”, ou ainda “trade knife”)
Designação de lâminas utilizadas por, ou comercializadas com, indios nas fronteiras dos EUA do século 19. Na época do Velho Oeste, estas lâminas eram fornecidas por comerciantes, daí a designação “trade knife”, faca comercial. Subdividem-se em dois ramos: as de obsidiana, confeccionadas pelos próprios índios, e as com lâmina de aço, muitas vezes adagas, fornecidas pelo homem branco. Grande parte do valor de facas índias está em suas bainhas, originalmente feitas de couro crú, ou defumado, e bem decoradas com miçangas, por vezes pequeninas obras de arte. Era muito comum no Velho Oeste norte-americano os homens das montanhas também usarem as do tipo “trade knife”, principalmente as famosas Green River.
Faca integral (ing.”integral knife”)
Nome dado a um tipo moderno de faca, normalmente “custom”, onde lâmina, “bolster” ou guarda , estrutura para afixação das talas de empunhadura e pomo são desbastadas de uma mesma barra de aço, habitualmente inoxidável. Essa designação é também aplicada a uma faca de sobrevivência e algumas utilitárias “custom” do artesão norte-americano Chris Reeves onde, a partir de uma única barra cilindrica de aço, a empunhadura é perfurada (tornando-se oca) e o resto das partes (guarda e lâmina) é forjada.
“Faca Pajeú” (ou “de Pajeú”)
Faca de ponta com lâmina larga e ponta bem aguda produzida desde o inicio do século 19 nas regiões de Pajeú (sertão de Pernambuco) e Baixa Verde (Rio Grande do Norte, na divisa com o Estado da Paraíba). É uma das mais populares facas utilizadas pelos sertanejos das regiões Norte e Nordeste e bastante citada na literatura regional brasileira. Exemplares desse tipo de faca com a empunhadura do tipo embuá são muito desejados. Naquelas regiões é também conhecida como Faca Baixa Verde.
“Faca Parnaiba” (ou “Parnahyba”)
Veja “Faca de Arrasto”.
Faca-pistola / Canivete-pistola / Espada-pistola (ing. “knife-pistol” / “sword pistol”)
Pertencentes ao raro ramo das Armas Combinadas, são lâminas acopladas a um ou dois canos de Arma de Fogo, sempre a empunhadura abrigando o mecanismo de disparo. Na forma de espadas, existem desde o final da Idade Média e na forma de facas e canivetes desde os anos da década de 1850. Em facas, a marca mais famosa desse raro tipo é a franco-belga Dumonthier e em canivetes a inglesa Unwin (posteriormente Unwin & Rodgers, mas que nada tem a com a famosa Joseph Rodgers & Sons). Por vezes, sendo mais específico, o têrmo pode ser encontrado como “dagger” (ou “dirk”) pistol” (“adaga-pistola”).
Faca utilitária (ing.”utility knife”)
Designação genérica de qualquer pequena faca cujo uso seja eminentemente prático, utilitário.
“Facón”
Palavra de origem argentina derivada da portuguesa facão, utilizada para definir facas de grandes dimensões utilizadas em lutas. Apresenta guarda dupla, lâmina larga e de pouca espessura, com um só fio, habitualmente produzida a partir de uma espada ou baioneta.
Fairbairn-Sykes (ou simplesmente F-S)
Têrmo que se refere aos oficiais ingleses William Ewart Fairbairn e Eric Anthony Sykes, os quais em 1940 tiveram um punhal de sua criação adotado pelos comandos ingleses, e que tornou-se mundialmente célebre, o tipo sendo utilizado até hoje por tropas militares em todo o mundo.
Falso fio (ing. “false edge” ou “wedge” ou ainda “swedge”)
Seção do dorso da lâmina, próxima à sua ponta, que tem menos espessura, ou – em alguns casos – é afiada, facilitando a penetração.
“Fantasy” (fantasia) ou “Fantasy knife” (faca-fantasia)
Designação genérica de facas com linhas de “design” extremamente pronunciadas e agressivas. O nome teria surgido no final da década de 1970, a partir de criações fantasiosas do cuteleiro norte-americano Gill Hibben.
“Flat ground” (vazado reto, chato)
Tipo de vazado de lâmina onde as superficies desbastadas e polidas são retas, chatas. Na cutelaria de séculos passados muitas lâminas pareciam ser “flat”, mas em realidade eram produto de rodas de desbaste e polimento com grande diâmetro, sendo, em realidade, um “hollow ground” bem aberto.
Fibra de carbono
Designação de fibras de grafite agregadas por resina epoxídica e laminadas. Apresenta leveza e alta resistência. Embora usada na empunhadura de facas e canivetes modernos, foi originalmente desenvolvida para a indústria aeroespacial dos EUA e posteriormente aplicada na carroceria de veículos de competição.
“Fighter” (lutadora)
Designação de facas destinadas exclusivamente à defesa, ou luta.
Fio (ing. “edge”)
Parte afiada da lâmina.
Forjamento (ing. “forging”)
Processo de martelamento do aço quando ao rubro com a finalidade de melhor agregar os grãos de ferro e carbono e, ao mesmo tempo, dar-lhe forma inicial. O melhor agregamento faz com que uma lâmina de aço se torne mais naturalmente dura. Uma lâmina forjada é aquela que sofreu esse processo e nele também se deu seu formato inicial.
“Franqueira”
Tipo de antiga faca ou punhal brasileiro, com empunhadura e bainha em prata (ou com grandes porções desse metal na primeira), que teria se originado na cidade paulista de Franca por volta de 1860.
“Friction folder” (literamente, dobrável de fricção)
Tipo de canivete primitivo usado nas fronteiras do Velho Oeste desde finais do século 18, cuja lâmina tinha um apêndice traseiro (impedindo-a de deslocar-se para além da linha superior da empunhadura) e que se mantinha dobrada (e protegida pela empunhadura) por ter atrito com o pino que a prendia na empunhadura.
“Frog”
Literalmente, esta palavra inglesa tem diversos significados, entre eles o de alça. Na área da cutelaria, serve para definir a alça, ou suporte (para cintura) encontrado na bainha de algumas baionetas e facas.
“Frontier look” (aparência da fronteira)/ “Frontier Bowie” (Bowie da fronteira)/ “Frontier knife” (faca da fronteira)
Termos cunhados por especialistas para um forte modismo de cuteleiros “custom” norte-americanos do início da década de 1990, os quais recriaram modelos de facas típicas dos EUA na época de sua colonização, onde as fronteiras foram expandidas. Os precurssores desse movimento foram os cuteleiros Dr.James Batson e Daniel Winkler. Hoje, o “frontier look” é quase um estilo, tendo público apaixonado e, dentro dele, as mais desejadas facas são as “frontier Bowies”.
“Full tang”
Prolongamento da lâmina com o mesmo formato das talas de empunhadura, destinado a fixá-las. Em algumas lâminas pode ter sua espessura progressivamente diminuída em direção ao final da empunhadura, com o propósito de eliminar peso desnecessário, quando denomina-se “tappered tang” em inglês.
Furnitura
Designação até certo ponto errônea (pois originalmente se aplica a partes de jóias e as metálicas de móveis) usada para referir-se ao conjunto de calço, ou “bolster”, e pomo metálico de facas e canivetes. Com o mesmo sentido, pode também ser usada para definir partes similares de espadas e suas bainhas.
G |
G-10
Lã de vidro embebida com resina epoxídica, cujas principais características são leveza, altíssima resistência mecânica e ao calor. Embora atualmente usada na forma de talas para empunhadura de facas e canivetes, foi originalmente criada como isolante térmico de reatores nucleares.
Gládio
Nome da clássica espada curta romana da Antiguidade.
“Green River knife” (“faca Green River”)
Designação original de um modelo de faca utilitária da famosa marca norte-americana John Russell, o qual ficou famoso entre índios e homens das montanhas no Velho Oeste. “Green river” (Rio Verde, atualmente na cidade de Pinedale, Wyoming, onde também se localiza o Museu dos Homens das Montanhas) foi o local do 1º “rendez vous”, ou reunião de montanheses. Posteriormente, outros fabricantes também usariam esse nome em suas “trade knives”, inclusive alguns ingleses. No século 20 e entre os colecionadores de facas de todo o mundo, o têrmo “Green River” igualmente serve para o mesmo propósito. Somente durante o ano de 1994, a famosa Cold Steel norte-americana lançou algumas excelentes versões modernas dessas facas, em aço-carbono Carbon V, hoje disputadas por muitos.
Guarda ( ing. “guard”; esp. “cruz”, “defensa” ou “gavilán”)
Seção entre lâmina e empunhadura que se projeta para cima e para baixo (guarda dupla), ou somente para baixo (guarda simples), desta forma evitando que a mão deslize para o fio, ou que uma lâmina adversária a atinja.
“Guntô”
Pronúncia do nome japonês para “katanás” militares japoneses durante a 1a. e 2a. Guerras Mundiais. Foram produzidos em arsenais e, embora alguns raríssimos exemplares possam ter boas lâminas originais da época do Japão feudal, a grande maioria é apenas de média qualidade.
H |
“Hamon”
Pronúncia do têrmo japonês que significa “padrão, ou linha, de têmpera”.
“Hirschfanger” (ale. “facão de guarda florestal”)
Designação da clássica faca longa destinada ao abate de javalis, utilizada na Alemanha desde o século 18. Há 3 (tres) tipos: os da época imperial; aqueles adotados (ou presenteados) por associações nazistas de caça (oficiais ou não) e os chamados “de luxo”, por terem a lâmina com cenas de caça gravadas à ácido e furnituras mais elaboradas. Nos diversos períodos, todos os principais fabricantes de Solingen os produziram, com lâminas de comprimento variando entre 11 e 16 polegadas. Atualmente, exemplares antigos em bom estado são raros e extremamente desejados por colecionadores. Por vezes também chamada de “espada curta de caça”, ou “hunting short sword” em inglês (colaboração de William Schmidt, de São Paulo-SP).
“Hollow ground” (vazado concavo)
Tipo de vazado de lâmina onde a superficie é deixada levemente concava. Nas facas de séculos passados, devido a curvatura das imensas rodas de desbaste e polimento, muitas pessoas pensando que se tratava de vazados retos (“flat ground”), dado o grande diâmetro das mesmas. É o mais utilizado tipo de vazado da atualidade, tanto na cutelaria “custom” quanto na comercial.
I |
I*XL
Timbre da célebre empresa cuteleira George Wostenholm & Son, de Sheffield, Inglaterra, uma das maiores produtoras de Bowies originais durante o século 19, a maioria das quais exportada para os EUA. Essa marca é a abreviação fonética do têrmo inglês “I excell”, “eu supero”, referindo-se à qualidade e acabamento de suas facas que superariam as outras em qualidade de materiais e acabamento. A empresa foi adquirida pela Joseph Rodgers em 1968 e depois dela foi a mais famosa marca inglesa de cutelaria do mundo.
J |
“Jagdmesser” (ale. faca de caça)
Designação genérica da faca de caça utilizada na Alemanha, desde tempos imemoriais. Alguns dos mais clássicos modelos tem diversas ferramentas dobráveis na empunhadura (que se recolhem com em um canivete) e muitas bainhas são em couro na cor verde-escuro, mesma cor das calças de caça usadas por muitos caçadores germânicos.
“Jambiya” ou Jambia
Faca oriental usada principalmente na Pérsia (hoje Irã), mas também por outros povos da região, desde a Antiguidade. Sua lâmina é característicamente curvada para cima, por vezes com fio em ambos os lados e, normalmente, as bainhas são de prata, revestidas desse metal ou então ricamente adornadas.
“Jigged bone” (osso escalavrado)
Material usado principalmente em empunhaduras de facas e canivetes. Trata-se de uma alternativa barata para substituir o clássico chifre de veado. Utilizado desde 1850, principalmente pelas indústrias cuteleiras inglesa e norte-americana, ao natural ou – na maioria dos casos – tingido em muitas cores.
Jimmy Lile
O norte-americano James (Jimmy) B. Lile (1933-1991) produziu facas artesanais desde os 15 anos de idade, mas apenas ficaria mundialmente famoso a partir da metade da década de 1980, quando foi encarregado de criar e executar um projeto especial para o primeiro filme da série “Rambo”. Assim, da mesma forma que a película tornou famoso o ator Sylvester Stallone, a faca usada por seu personagem projetou Lile no mundo internacional da cutelaria. Entretanto, essa faca “criada” por Lile (com empunhadura oca, para a guarda de pequenos utensílios que auxiliassem a sobrevivência em regiões inóspitas e situações de emergência) não era algo novo, já existindo de forma comercial desde 1920 (modelo 3000, da Ka-bar) e como “custom” desde 1963 (modelo nº 18 – “Attack-Survival”, de Randall). Mas, Lile foi um cuteleiro excepcional, não só pela maciça divulgação de um tipo até então quase desconhecido (e realmente prático) de faca, como pela execução de criações menos “hollywoodianas”. Sua faca de sobrevivência “Sly II” (“Sly” é o apelido de Sylvester Stallone em circulos cinematográficos), versão comercial da faca original do 1º filme da série Rambo, é atualmente muito valorizada em todo o mundo, principalmente se tiver sido executada pelo próprio Lile, uma vez que sua viúva continua explorando comercialmente a marca.
“Jóia do Nilo”
Nome da mais cara faca “custom” de todos os tempos. Criada em 1989 pelo cuteleiro norte-americano Buster Warensky, suas linhas gerais são uma cópia ampliada da célebre adaga com lâmina e bainha de ouro encontrada na múmia do faraó Tuthankamon. Segundo o artesão, sua confecção exigiu 5 anos de trabalho, cerca de 1 kg de ouro 18 quilates, muitas pedras preciosas e outros materiais nobres. É muitíssimo mais refinada que a original e foi adquirida em 1990 pelo então vice-presidente da Sony Corporation, o japonês C. Itoh, por 1 milhão de dólares. Atualmente, seu valor é estimado com sendo superior a 1,5 milhão de dólares. Graças à “Jóia do Nilo” e a outras adagas de arte como a “Gema do Oriente” (com o valor estimado, na época de seu lançamento em 1991, como já sendo de 1,5 milhão de dolares), em 1992 Warensky entrou para o “Hall da Fama da Cutelaria”, um disputado prêmio anual concedido pela revista norte-americana Blade, a líder mundial das publicações do segmento.
K |
Ka-bar
Marca comercial da antiga empresa norte-americana Union Cutlery timbrada inicialmente em facas de caça (é uma abreviação da fonética do têrmo “Kill a Bear” – Matar um Urso – usada por um caçador numa carta em que elogiava as facas da Empresa) e posteriormente em um modelo de faca militar oficial dos EUA na época da 2a. Guerra Mundial. O modelo tornou-se tão famoso que o termo Ka-bar transformou-se em designação genérica de um estilo de faca militar/utilitária.
“Kataná”
Fonética do têrmo japonês que significa, de forma genérica, espada. De maneira técnica, esta classificação pelo comprimento da lâmina de uma espada japonesa pode ser dividida em outras 2 (duas): “uchigataná” (espada de combate), variando de 53 a 62 cm, e “daito” ou “tatchi” (espada longa), entre 62 e 70 ou mais cm.
“Knife show” ou “blade show” (“mostra de facas” ou “mostra de lâminas”)
Têrmo genérico norte-americano para feiras e exposições da área de Cutelaria, que se iniciaram nos EUA no inicio da década de 70. Atualmente, o têrmo tornou-se voz corrente, sendo usado em todo o mundo.
“Kaiken” ou “Kwaiken”
Fonética da palavra japonesa que define uma faca utilitária de médias proporções, com empunhadura e bainha de madeira, ou madeira revestida com metal (habitualmente latão), utilizada entre os séculos 15 e 19. Especialistas afirmam que o tipo foi revivido nos anos iniciais do século 20, tendo sido usado, inclusive, por gueixas que as portavam ocultas nas largas mangas dos quimonos.
Kandjar/Khandjar
Arma branca de origem asiática, com diversas variantes regionais produzidas desde o mundo árabe até o Norte da Índia. Apresenta lâmina elegante e de fio ondulado.
Khyber
Arma branca originária do Afeganistão, com lâmina tipo Yatagan e dorso muito largo. Um corte seccional da lâmina mostraria a forma da letra “T”, devido a configuração particular de seu dorso largo.
“Kozuka”
Fonética do têrmo japonês que designa de forma geral a pequena faca utilitária inserida em compartimento próprio nas bainhas de “katanás”, “wakisashis” e alguns “tantôs”. Em realidade e tecnicamente, este é o nome apenas da parte de empunhadura (retangular) da referida faca, habitualmente em cobre lavrado, “kogataná” sendo a designação de sua lâmina.
Kraton
Borracha sintética que alia as características de elasticidade da borracha vulcanizada com a estabilidade e resistência química dos termoplásticos.
Kris ou Krys
Faca originária da Malásia e Indonésia, para cerimonial e defesa. Existem numerosas variantes de acordo com as regiões de fabricação. Habitualmente de lâmina “flamígena”, ondulada, mas também existindo variantes com essa parte reta. Segundo a tradição, a lâmina ondulada representaria a serpente sagrada Naga, em estado de movimento ou repouso, respectivamente. Estas lâminas são fabricadas com “pamur”, uma espécie primitiva de aço Damasco.
Kydex
Termoplástico acrílico derivado do PVC, atualmente muito utilizado na confecção de bainhas para facas modernas. É facilmente moldável em alta temperatura, mas quimicamente estável e indeformável em temperaturas ambientes.
Kukri, Kukrie ou Kukhuri
Faca (utilitária, de combate e cerimonial) nacional do Nepal. Normalmente com lâmina de grande dimensão (entre 9 e 14 polegadas de comprimento), em angulo pronunciado, curvada para baixo e pesada e ainda tendo a particularidade de apresentar fio apenas na porção côncava. Foi popularizada pelos corpos de guerreiros Gurcas a serviço do Exército Britânico, desde o início do século 19.
L |
Laguiole
Embora muitos pensem que se trata de uma marca, é em realidade um tipo de canivete criado no final do século 19 pelo cuteleiro Pierre-Jean Calmels, da cidade francesa de Laguiole.
“Lambedeira” (ou “Lambideira”)
Designação popular particular das regiões Norte e Nordeste do Brasil para facas e punhais de lâminas largas (entre 3 e 4 dedos) e comprimento de 30 a 40 cm, com empunhadura constituida de arruelas de chifre bovino e de latão intercaladas. Essa designação teria nascido nas cutelarias que, desde o início do século 19, as produziam na localidade conhecida como Baixa-Verde, no vale do Pajeú, entre Pernambuco e Paraíba.
Lâmina (ing. “blade”; esp. “hoja”)
Parte principal da faca, habitualmente de aço. Embora nos últimos anos de ensaia com outros materiais modernos e revolucionários (como as novas cerâmicas, ligas não- ferrosas como o “stellite” e metais como titânio), nenhum dos quais parece poder substituir totalmente o tradicional aço. A lâmina pode apresentar um ou dois fios, dorso e ponta. Seu prolongamento para permitir a confecção da empunhadura chama-se “espigão” ou “tang”.
“Lâmina de manicure” (ing. “manicure blade”)
Pequenina lâmina existente em canivetes utilitários, própria para a limpeza e desbaste de unhas. Habitualmente, uma das faces (existem planas e triangulares) é uma diminuta lima, com finas estrias, e a lâmina termina numa ponta, própria para inserção debaixo das unhas.
“Lâmina pé-de-ovelha” (ing. “sheep foot blade”)
Designação popular de um tipo de lâmina com a ponta aquadradada, utilizada em alguns canivetes do tipo utilitário, ou de marinheiros.
Lâminas pequenas (ing. “pen knife”; esp. “hoja cortaplumas”)
Normalmente empregadas no século 19 e início deste em canivetes, ou facas de bolso, com a finalidade de afiar penas de escrita (as antigas “canetas”, “pen” em inglês), embora servissem para outras pequenas tarefas.
Latão
Antiga liga metálica com, aproximadamente, 70% de cobre e 30% de zinco, de característica cor amarela quando polida, e muito utilizada em furnituras de facas, canivetes, espadas, etc.
“Linerlock”
Sistema de travamento para canivetes criado pelo cuteleiro norte-americano Michael Walker no início da década de 1980, juntamente com o dispositivo que permite a abertura da lâmina com uma só mão. Inicialmente apresentações “custom”, ambas são uma constante na maioria dos modernos canivetes táticos comerciais. Existem sistemas similares de travamento para o mesmo fim com designações diferentes, tais como “crosslock”, “ball-lock”, etc.
“Língua-de-Peba”
Designação popular de um típico punhal de lâmina triangular usado nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, por sua lâmina de secção triangular ser semelhante ao formato da língua do tatú-peba. Documentalmente, o primeiro registro que se tem do uso desse tipo de punhal foi na Guerra do Paraguai (1865-1870). São raríssimos, principalmente quando confeccionados com requinte.
“Líttlemester” (pequeno mestre)
Embora refira-se a “pequenos”, era a designação dos grandes mestres-cuteleiros da Sheffield do século 19 e início do 20. Na Inglaterra de tempos antigos, os mais famosos foram Joseph Westby e Fred James (cujo trabalho adentrou o século 20); na Inglaterra moderna, o mais conhecido é Stan Shaw.
“Lockback”
Literalmente “travamento traseiro”. Clássico sistema de travamento de canivetes (e de algumas facas Bowie dobráveis) criado no final do século 18 na Inglaterra.
Loveless
Robert (Bob) Waldorf Loveless é um famosissimo cuteleiro norte-americano nascido em 1929 que, a partir do início da década de 1960, criou principalmente facas utilitárias e de caça com lâminas de característico “drop point” (“ponta caída”), as quais poucos anos depois tornaram-se verdadeiras clássicas nesses tipos. Ao longo da década de 1970, Loveless também refinou as empunhaduras dessas facas, igualmente criando um estilo muito próprio e que também se consagrou. A partir de finais da década de 1980 sua fama já era tanta que na América do Norte cunhou-se o têrmo “Loveless style” (estilo Loveless) para definir pequenas e requintadas facas artesanais com lâmina “drop point”. Hoje, Bob Loveless é famoso em todo o mundo, principalmente no mercado japonês, que adquire avidamente suas criações.
M |
Machaira
Designação de uma das primeiras (senão a primeira) facas de combate. Foi usada, ao lado da Kopis (outra faca de combate) pelos gregos helenicos e era de bronze. Ambas são ancestrais de algumas famosas facas de tempos modernos, como a “kandjar”, a “kukri”, a “jambiya”, etc.
Marble (ou Marble’s)
Célebre marca norte-americana da empresa cuteleira criada por Webster L. Marble em 1898, na cidade de Gladstone, Michigan. Em 1908, a Empresa lançou alguns modelos de facas de caça e de pequenos machados que tornaram-se clássicos, principalmente as empunhaduras de facas que combinavam chifre de cervo com arruelas de couro, ou arruelas de couro com um pomo de chifre de cervo. O auge da Marble foi nos anos da década de 1930, onde muitos de seus mais clássicos modelos foram copiados por empresas cuteleiras de todo o mundo, principalmente as germânicas e as nacionais Mundial e Corneta. Nos anos finais da década de 1980, o famoso cuteleiro norte-americano W.D. Randall criaria seu último modelo, o de nº 25 – “Trapper” – também baseando-se na clássica combinação de chifre de veado com arruelas de couro.
Marfim
Designação genérica de presas, dentes e chifres de alguns animais terrestres e marinhos, também utilizada na confecção de empunhaduras para facas, adagas, canivetes, etc. O mais famoso e usado é o marfim de elefante e o mais raro é o do chifre espiralado de um cetáceo chamado narval, já quase extinto. É também o material preferido para trabalhos de “scrimshaw”. Atualmente, alguns cuteleiros, principalmente os norte-americanos, estão utilizando também marfins fósseis, como o de mamutes, por exemplo.
“Mastersmith” (forjador mestre)
É o título máximo que um cuteleiro “custom” norte-americano pode ter e é outorgado (e certificado) anualmente a um grupo reduzido de artesãos pela ABS-American Bladesmith Society.
Micarta
Resina fenólica combinada com materiais diversos (tecidos, pós, papéis, etc) criada em 1906 pela companhia norte-americana Westinghouse originalmente como isolante elétrico, mas bastante usada a partir dos anos finais da década de 1960 para empunhaduras de facas “custom” e posteriormente algumas comerciais. Apresenta excelente resistência, boa textura e aparência agradável. A mais rara (e desejada) foi a MIcarta marfim, até o final dos anos 70 produzida com pó de marfim verdadeiro e que se amarelava com o tempo, como o material original. Veja também Celeron, nome comercial de sua correspondente nacional.
“Misericórdia”
Designação popular de um pequenino punhal europeu, com lâmina raramente superior a 4 polegadas, usado na Idade Média para matar os feridos graves em campos de batalha. Caracteriza-se por ter um pomo concavo, onde se apoia o dedo polegar (para maior penetração) e lâmina triangular ou losangular. O golpe de misericórdia era dado na jugular do ferido.
Moldura
Peça existente em algumas ponteiras de bainha, destinada a protegê-las ou simplesmente como elemento decorativo para embelezá-las. Origina-se nas bainhas das espadas onde tinha a função de proteger a ponteira do contato com o solo. É habitual em facas gaúchas com bainhas de prata ou alpaca.
“Mountainman knife” (faca do homem das montanhas)
Designação genérica de quaisquer lâminas (utilitária, “patch knife” e Bowie) utilizadas pelos montanheses norte-americanos nas fronteiras dos EUA a partir do início do século 19. Especialistas daquele país acreditam que o modismo do “frontier look” floresceu devido ao fato de as originais serem raras e caríssimas. O têrmo pode também ser escrito “Mountain Man knife”. Veja também “Green River knife”.
N |
“Naginata”
Pronúncia do têrmo japones que define uma lança-espada, com lâmina longa e similar ao do clássico “kataná”. No Japão feudal, foi a arma preferida dos famosos monges-guerreiros e também mulheres de samurais eram treinadas em seu uso. Lâminas de antigas “naginatas” foram transformadas em “tantôs”, “wakisashis” e “katanás” e, quando neste último caso, a espada total assim constituida recebe o nome de “nagamaki” (colaboração de Kushio Yama, de Mairiporã-SP).
“Naife”
Designação de uma pequena faca gaúcha particular da região Sul do Brasil com lâmina (normalmente de 3 a 5 polegadas de comprimento) produzida a partir da mesma parte de tesouras usadas para a tosquia de carneiros. A origem do termo está nos emigrantes escoceses que se dedicavam a esse tipo de criação no Sul do Brasil, pois “naife” é a pronúncia da palavra inglesa “knife”. Em algumas regiões de nossos Pampas é também conhecida pelo nome de cherenga. Dentre as facas gaúchas do Uruguai, existe um modelo menor mas de configuração similar denominado localmente de “corta-naco”. É também uma outra designação para o “cuchillo canário”, ou faca nacional das Ilhas Canárias. Existe uma correspondente usada nas regiões Norte e Nordeste do Brasil: veja Quiçé.
“Navaja” ou “Navaja espanhola” (ing. “Spanish clasp knife”)
Clássica faca dobrável de lâmina larga utilizada por espanhóis desde o século 17, com típico sistema de travamento de catraca (7 “cleqs”). Eram de dimensões variadas, aquelas destinadas à defesa tendo lâminas que iam de 6 até impressionantes 16″, habitualmente portadas por dentro da faixa de tecido que fazia o papel de cinto na indumentária espanhola do período. Franceses e ingleses também produziram este modelo até o início do século 20. Atualmente, em muitas cidades espanholas são vendidas “versões para turistas”, normalmente de qualidade duvidosa.
“Nicker” (ou “Jagdnicker”)
Palavra que designa a clássica e pequena faca nacional de caça da Alemanha desde o século 16. Numa tradução livre, “nicker” significa “companheiro” ou “parceiro” e, assim, “jagdnicker” seria o “companheiro, ou parceiro, do caçador”. Normalmente, tem lâmina entre 3 e 4 polegadas, formato “spear point” e empunhadura em peça única de chifre de cervo, embora fabricantes modernos as tenham produzido com essa parte em outros materiais. Os mais clássicos exemplares são acompanhados de bainha de couro com terminais de alpaca e a faca é habitualmente portada em um bolso especial que existe na calça dos caçadores germânicos (colaboração de Wilfredo Weinghart, Pomerode -SC).
O |
Obsidiana
Designação técnica do vidro vulcânico. Na Idade da Pedra, era considerado o melhor material para a confecção das primeiras facas e pontas de lanças e flechas que a humanidade usou.
P |
“Pamur”
Nome regional na Malásia e Indonésia para o aço Damasco lá fabricado, obtido por caldeamento, e que serve para a confecção das lâminas de alguns “kris” dessa procedência (colaboração de Rengs Radjib, Rio de Janeiro – RJ).
“Pantaneira”
Designação da faca utilitária utilizada no Pantanal Matogrossense. Sua lâmina larga e sua empunhadura (habitualmente de madeira) se assemelham as de uma faca de cozinha e sua bainha de couro tem desenho próprio e característico, com reforços do mesmo material no bocal e na ponta.
“Papier maché”
Em francês, literalmente “papel desmanchado”. Massa de pasta de papel e cola muito utilizada desde o século 18 e até o início do 20 para diversos fins, entre eles também a confecção da estrutura de bainhas de facas, punhais e adagas, habitualmente revestidas com couro fino, papéis decorados ou tecidos, podendo ter ou não bocal e ponteira em metal.
“Parkerização” (ing. “Parkerising”)
Uma das variantes do processo de acabamento protetor tecnicamente conhecido como fosfatização, muito aplicado em armas de fogo, baionetas e facas militares. Tem esse nome apenas nos EUA, onde foi patenteado pelos Laboratórios Parker, de Detroit, Michigan, em 1906.
“Parnaíba”
Designação popular particular das regiões Norte e Nordeste do Brasil , diversas vezes encontrada na antiga literatura nacional, que se refere a uma variante da faca-de-ponta cuja lâmina é de pouca largura e exageradamente longa, muito usada por cangaceiros. Seria uma variante da “faca de arrasto” e essa designação teria se originado nas cutelarias da cidade de Parnaíba, no Piauí. Veja também “Faca de arrasto”.
“Patch knife” (“faca de retalho”)
Pequena faca usada por montanheses e caçadores norte-americanos durante os séculos 18 e 19 para suas armas de antecarga. Basicamente, destinava-se a cortar os excessos de retalho de tecido (“patch”) que eram usados para envolver parte dos projéteis das referidas Armas de Fogo. Muitas eram feitas de lâminas reaproveitadas de talheres quebrados. Em realidade, a “patch knife” também tinha as funções de uma faca utilitária e eventualmente de “skinner” dos homens das montanhas e caçadores, no início do Velho Oeste.
Pedra Arkansas (ing.”Arkansas stone” ou “Arkansas sharpening stone”)
Designação popular da pedra Novaculite, encontrada (ainda) em razoável quantidade no Estado norte-americano do Arkansas, usada desde tempos imemoriais pelos indios, posteriormente por colonos e desde os anos finais do século 19 comercializada por muitas empresas dos EUA. Essa pedra não é exclusiva dos EUA, existindo em muitos outros países e é considerada o melhor produto natural para afiar lâminas. O tipo mais raro (e caro) destinado a afiação final é a de cor negra.Pronuncia-se “Arcansó”.
Pedra de afiar diamantada (ing. “diamond sharpening stone”)
Produto industrial dos EUA, lançado em meados da década de 1980, com enorme sucesso até hoje. Em realidade, não trata-se de uma pedra no sentido lato, mas sim de fina barra de aço sinterizado com pó de diamante industrial em diversas granas. São atualmente produzidas por mais de 10 fabricantes norte-americanos, numa infinidade de formas e modelos, desde aqueles dobráveis, próprios para canivetes, até versões com 20 cm, ou mais, de comprimento, mais apropriadas para facas grandes, passando por “kits” com diversas delas. Sob o ponto de vista eminentemente técnico, são melhores do que as naturais ou sintéticas antigas, pois sua durabilidade é muitissimo maior. Atualmente, o maior fabricante do mundo dessas “pedras” é a empresa norte-americana DMT – Diamond Machining Technology.
Pedra da Índia (ing.”India stone” ou “Fine India stone”)
Nome comercial genérico das primeiras pedras de afiar sintéticas criadas pelo homem, no final do século 19 e produzida até hoje. É também conhecida nos EUA pela designação de “red India stone” (pedra vermelha da India) devido a sua característica cor vermelho-alaranjada. Desde o final dos anos da década de 1970, é este tipo de pedra que vem na bainha das famosas facas Randall. (colaboração de Cláudio Graciolli, São Paulo -SP)
“Peixeira” ou “Pexera”
Designação popular da faca utilizada para defesa nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
“Pica-fumo”
Designação popular brasileira de um tipo de canivete, originalmente pequeno e com 1 ou 2 lâminas, muito utilizado em nosso país a partir do final do século 19, principalmente por populações rurais. O modelo original era da marca inglesa Joseph Rodgers, tinha a empunhadura arredondada na traseira e talas de empunhadura em chifre de búfalo negro. A partir do início dos anos de 1930, a Rodgers passou a fornece-los com talas de empunhadura em baquelite negro e a primeira empresa brasileira a produzir uma cópia do tipo foi a paulistana Corneta, ainda em finais da mesma década. A partir de 1950 artesãos do Interior paulista (principalmente das cidades de Barretos e Brotas) passaram a produzi-los numa imensa variedade de tamanhos, muitas vezes usando chifre bovino ou madeira na empunhadura.
“Picazo”
Designação original argentina para bainhas de facas gaúchas com o corpo em couro negro e bocal, ponteira e, por vezes, reforço intermediário em prata. A designação vem do nome popular que nos Pampas Gauchos se dá ao cavalo com pelagem escura e áreas brancas nas extremidades. Segundo estudiosos argentinos e uruguaios, este teria sido o primeiro tipo de bainha das facas gaúchas. No Brasil, bainhas desse tipo são extremamente raras.
Pino (ing. “pin”)
Peça metálica de secção circular e pequeno diâmetro utilizada para fixar as partes de uma faca, especialmente as talas de empunhadura. Também podem ser utlizados rebites em suas formas mais tradicional.
“Pits”
Literalmente, essa palavra em inglês significa cova, buraco, poço, etc. O têrmo é usado em todo o mundo por apreciadores de armas de fogo e cutelaria para definir pequeninos pontos localizados de ferrugem que já corroeram uma superfície metálica.
Polegada
Medida inglesa habitualmente usada em cutelaria para medir comprimento e espessura. 1 (uma) polegada equivale a 2,54 cm, ou 25,4 mm, e é habitualmente dividida em 64 (sessenta e quatro) ou, desejando-se mais precisão, até 108 (cento e oito) partes. Para mais informações sobre frações de polegada e espessuras de lâminas, veja quadro “Entendendo as Espessuras das Lâminas” ao final da página “Investindo em Cutelaria”.
Polimento
Processo de retirada das marcas deixadas pelo desbaste com o intuito de melhor pronunciar os vazados ou planos da lâmina e também de melhorar-lhe a aparência.
Ponteira (ing. “sheath tip”)
Peça metálica, ou de couro, no extremo da bainha presente em muitas facas européias, Bowies, gaúchas, etc. Serve de reforço e também como elemento decorativo. Geralmente a ponteira é acompanhada de um bocal do mesmo material.
Pomo (ing. “pommel”, ou “butt”, ou “butt cap”)
Acabamento da empunhadura em sua porção final, normalmente aparafusado, arrebitado ou colado no material.
Prateiro (ing. “silversmith”, esp. “platero”)
Profissional que confecciona trabalhos em prata, entre eles empunhaduras e bainhas para facas, principalmente as dos tipos gaúcha, “franqueira”, algumas mineiras, outras do Norte/Nordeste, etc. No Brasil colônia era também chamado de “ourives de prata”.
“Puko” ou “pukko”
Designação da clássica faca de caça da Finlândia.
Punhal (ing. “poignard”)
Arma branca de lâmina delgada e muito aguda, normalmente sem fio, desenhada para ferir com a ponta.
“Punhal de cangaceiro”
Designação popular brasileira de grandes punhais (habitualmente com mais de 10 polegadas de lâmina), normalmente produzidos nas regiões Norte/Nordeste do País, mas não necessariamente na época áurea do Cangaço (finais da década de 1920 e até a década de 1930).
Punhal Fairbarn-Sykes
Clássico punhal dos comandos ingleses na 2a. Guerra Mundial, especialmente criado para infligir grandes traumatismos. Veja também “Fairbarn-Sykes”.
“Push dagger” (“adaga de empurrar”)
Criação muito compacta surgida na época do Velho Oeste e habitualmente usada por jogadores. Habitualmente, trata-se de uma lâmina de duplo fio, raramente com mais de 3 polegadas de comprimento, inserida numa empunhadura curta, de palma de mão, que se encaixa ergonomicamente entre os dedos médio e anular, facilitando sua penetração. Nos anos da década de 1980 houve, a partir dos EUA, um rejuvenecimento da idéia tanto por parte de empresas cuteleiras quanto por “customs”, o qual reviveu o modelo e seu uso. Muitos produtores trataram esse novo produto sob o nome de “urban pal” (companheiro urbano) e este têrmo acabou tornando-se um quase sinônimo do modelo quando moderno.
Q |
Quicé
Designação popular particular das regiões Norte e Nordeste do Brasil para um antigo tipo de faca utilitária bem pequenina, normalmente com apenas cerca de 8 cm de lâmina, habitualmente usada para pequenos afazeres no campo, tais como marcar orelhas de gado, castração, trabalhos em couro, etc. Particularmente em Sergipe tinha o nome de “caxerenga”. Seria a equivalente da “naife” gaúcha (veja “naife”). A pronúncia “quicé”, ou “kisé”, em tupi-guarani significa “faca velha, enferrujada”, e o têrmo “caxerenga” no vocabulário gauchesco tem o mesmo sentido.
R |
Randall
Nome da mais famosa marca de facas “custom” do mundo. Em realidade, hoje trata-se de uma equipe de cuteleiros, atualmente sob o comando de Gary Randall, filho do cuteleiro norte-americano Walther Doane (W.D.) Randall (1909-1989), formada na década de 1960, embora a marca exista desde 1938. O atelier dessa equipe situa-se numa plantação de cítricos na cidade de Orlando, Flórida, e tornou-se atração turística para apreciadores de cutelaria fina de todo o mundo. As facas Randall tem tanta personalidade em seus “designs” que especialistas norte-americanos cunharam o têrmo “Randall style” (“estilo Randall”) para criações similares de outros cuteleiros “custom” e para alguns modelos de marcas comerciais, como a extinta e famosa Blackjack e a “R1 Military Classic” da Cold Steel.
“Rat-tail knife” (“faca rabo-de-rato”)
Designação popular norte-americana de toscas facas utilitárias executadas a partir de finais do século 18 por ferreiros das primitivas fronteiras dos EUA. Caracterizam-se por ter lâmina e empunhadura forjadas de uma só barra de aço, esta última voltada para baixo, arredondada e afinando-se, de maneira bastante similar à cauda do mencionado roedor. A partir dos anos 90, com o modismo do “fronteir look”, alguns cuteleiros “custom” voltaram a produzi-las, a maior expressão do tipo sendo atualmente Daniel Winkler.
Revenimento
Tratamento térmico onde uma lâmina de aço é aquecida até um ponto médio (e depois deixada resfriar naturalmente) em que as tensões desnecessárias ocasionadas pela têmpera são retiradas, tornando-a mais “elástica”.
“Rezin bowie” (Bowie de Rezin)
Rezin Bowie foi irmão do famoso Jim Bowie e costumava presentear amigos com aquilo que os colecionadores hoje denominam “Bowies primitivas ou iniciais”, que muito se parecem com adagas mediterâneas acrescidas de guardas duplas. Logo após o modismo do “frontier look” nos EUA a partir do início dos anos 90, alguns cuteleiros “custom” reviveram esse tipo de Bowie em criações muito sofisticadas.
Ricasso
Zona lateral da lâmina, junto à guarda, sem fio, destinada a conter – na maioria dos casos – o timbre do produtor.
Rodgers ou Joseph Rodgers
Nome(s) da mais famosa marca de facas do mundo, produzidas em Sheffield, Inglaterra, desde finais do século 18 e até 1974. Atualmente, uma companhia inglesa possui o nome e a famosa marca do asterisco e da cruz, licenciando empresas a produzirem itens com ela, os quais nem de longe se comparam a qualidade e acabamento dos originais.
“Royal warranties” (literalmente, licenças reais)
As lâminas das facas produzidas pela empresa Joseph Rodgers & Sons e alguns outros poucos fabricantes ingleses do passado apresentam inscrições adicionais às marcas de fábrica que podem auxiliar o colecionador a localizar sua peça no período aproximado de fabricação. Estas marcas indicavam que o fabricante possuía uma “Royal Warrant”, ou nomeação oficial da família real britânica que o havia licenciado como provedor da Coroa. Este fato significava uma alta honra que distinguia a empresa, evidenciando que um ou mais membros da família real haviam adquirido oficialmente seus produtos. Esta licença era outurgada em ocasiões especiais para poucas empresas cujos produtos eram de excepcional e reconhecida qualidade.
Obviamente, esta distinção especial era orgulhosamente manifestada pelas empresas que a haviam recebido e serviam como detalhe particular em toda a publicidade ou catálogo, bem como também se timbravam os produtos indicando a posse de tão ambicionada nomeação.
As facas e outros produtos de cutelaria não eram excecão a esta regra e as poucas empresas inglesas de cutelaria que receberam a nomeação marcavam suas lâminas de acordo com a personalidade que reinava no momento de produção das peças. A marca oficial consiste de uma inicial do nome do rei ou rainha, seguida de uma pequena coroa e da letra “R” (em latim, “Rex” ou “Regina”, rei ou rainha, segundo o que correspondia). No quadro anexo se mostram estas marcas e seus períodos de uso.
Note que a marca “G coroa R” se utilizou antes de 1830 e depois voltou-se a utilizá-la após 1910, ao coincidir o nome dos reis. Não obstante, a aparência da marca mais antiga evidencia o emprego de um punção algo tosco, marcado à mão com o auxílio de martelo. A marca mais moderna tem uma aparência diferente e mais elaborada já que o punção foi melhor realizado, sendo puncionado em prensas ou gravado a ácido. Outros detalhes como o modelo ou desenho da peça podem fornecer indícios acerca de sua correta época de fabricação.
Junto com as marcas descritas podem aparecer gravadas na lâmina as expressões “Cutlers to His Majesty” ou também “Cutlers to Their Majesty”, que significam, respectivamente, “Cuteleiros de Sua Majestade” ou “Suas Majestades”. No caso da rainha Vitória, cujo extenso reinado foi de 1837 a 1901, se emprega o nome possessivo feminino em idioma inglês “her”, salvo no período em que essa rainha esteve casada com Alberto da Saxônia (1840-1861), onde se utilizou a expressão “Cutlers to Their Majesty”, ou seja, o plural “Suas Majestades”.
S |
“Samê”
Pronúncia do têrmo japonês para “pele de arraia” (rhinobatus) curtida, com o qual se reveste a parte de madeira da empunhadura de espadas e tantôs japoneses. Apresenta granulação regular, dura e originalmente é de cor branca ou creme. Propicia resistência e proteção adicionais à madeira.
Sambar
Nome de um veado indiano (Cervus unicolor) cujos chifres são bastante indicados para uso em empunhaduras de facas (explorado comercialmente em grande escala desde o século 19, quando a Índia era uma colonia inglesa e a indústria cuteleira de Sheffield florescia) e atualmente dos mais usados, embora em 2000 o governo da India tivesse restringido sua exportação.
“San Francisco bowie” (Bowie de San Francisco)
Designação norte-americana dada por colecionadores e artesãos a um tipo pequeno de faca Bowie, normalmente “spear point” e com lâmina não superior a 6 polegadas de comprimento, produzidas na cidade californiana de mesmo nome, durante o século 19 e início do 20. Naquela região e no mencionado período, essas pequenas Bowies tornaram-se modismos entre os cavalheiros, jogadores e damas. Os mais famosos cuteleiros originais desse estilo foram Michael Price e Will & Finck e as mais desejadas criações são aquelas com empunhaduras em talas de abalone, madrepérola ou marfim.
“San mai” (em japonês, três camadas)
Pronúncia da designação japonesa de um aço específico para cutelaria usado principalmente em alguns modelos da marca norte-americana Cold Steel. Técnicamente, nada mais é um “sanduíche” de aços de diferentes durezas que objetiva (como o aço Damasco, só que de produção mais barata) conceder, ao mesmo tempo, dureza e elasticidade a uma lâmina. O nucleo (1 camada) do San Mai é de um aço que – após a têmpera – adquire grande dureza, sendo caldeado entre duas barras (2 camadas) de outro aço que após temperado apresenta boas características de elasticidade.
“Shabbat knife” (faca de sábado)
Designação de tradicional faca ou canivete utilizado por judeus nos dias de sábado. Habitualmente, a lâmina (no caso das facas) ou a empunhadura (no caso dos canivetes) apresenta gravações características, na maioria dos casos “Sábado Sagrado” (pronúncia “Shabbat Kodesh”), em caracteres hebraicos. Os mais desejados exemplares são aqueles com empunhadura em madrepérola ou marfim. Atingiram o ápice de sua manufatura nos anos da década de 1920.
Scagel (ou “Scagel style”)
O canadense naturalizado norte-americano William (Bill) C. Scagel (1873 – 1963) é considerado “o pai da cutelaria artesanal do século 20 nos EUA”. Ele produziu facas durante 52 anos ininterruptos (de 1910 a 1962) e sua técnica e estilo marcantes (normalmente com lâminas de linhas curvas e contínuas) influenciaram muito o célebre cuteleiro W.D. Randall. À Scagel é creditado o uso combinado de arruelas de couro e chifre de veado em empunhaduras de facas modernas (o que, na década de 1930, seria copiado pela marca norte-americana Marble).Embora as criações originais sejam muito brutas para os atuais padrões da cutelaria “custom”, existem colecionadores específicos de suas facas que pagam pequenas fortunas para exemplares em bom estado. A partir do lançamento de apenas 300 exemplares do modelo comemorativo de 50 anos da Randall (em 1988, sendo uma luxuosa réplica da 1a. faca que Randall executou em 1938 justamente baseado numa Scagel), alguns cuteleiros “custom” reviveram o estilo desse velho mestre em novas criações e cunhou-se o têrmo “Scagel style” para defini-las.
Scholberg
Marca da mais famosa lâmina usada em facas gaúchas e em alguns outros itens de campo (estribos, terminais metálicos de arreios, rarissimos chicotes-estoque, etc). As lâminas eram encomendadas à matriz da empresa (Scholberg & Cie.) em Liége, Bélgica, e distribuidas para filiais no Uruguai, Argentina e Brasil. A filial brasileira esteve ativa entre 1850 e 1936, com diversas razões sociais e uma loja na cidade de Pelotas (RS), a qual – além de produtos acabados – também fornecia lâminas dessa marca para “prateiros” executarem empunhaduras e bainhas de prata. Na maioria das lãminas dessa marca destinadas ao mercado brasileiro há a figura de um coqueiro, motivo inspirado em uma dessas arvores que existia na calçada da loja na cidade de Pelotas.
“Scrimshaw”
Antiga técnica de marinheiros caçadores de baleias que consiste na gravação superficial de marfins ou ossos de animais marinhos, bem como em chifres bovinos. Seu apogeu foi no século 19 e principalmente nos EUA. Na atualidade é utilizada principalmente na decoração de empunhaduras de facas e canivetes sofisticados, muitas vezes executada sobre materiais sintéticos. Exemplares de facas antigas com essa técnica de decoração na empunhadura são raríssimos.
Seki
Cidade japonesa considerada “a Solingen do Oriente”, cuja economia é baseada na produção de cutelaria. Atualmente em Seki é produzida grande parte dos modelos criados por algumas boas empresas norte-americanas. Este processo teria se iniciado por interferência do cuteleiro “custom” nipo-americano Al Mar no inicio dos anos de 1980, quando ele foi contratado como “designer” e supervisor de produção da célebre Gerber, e posteriormente incentivado pelo poderoso colecionador/comerciante norte-americano James Parker. Hoje na indústria cuteleira de Seki existem 40.000 trabalhadores.
“Sgian Dubh”/”Skene Dhu”
Nome de uma pequena adaga típica escocesa (com lâmina entre 3 e 4″, popularmente conhecida na Escócia também como “Faca Negra”), que foi a primeira faca “de bota” do mundo, seu advento datando do século 18. Habitualmente apresenta empunhadura da madeira ébano (ou madeira enegrecida) lavrada com a forma de cordas entrelaçadas terminando numa pedra semi-preciosa. Era portada na meia da perna direita da vestimenta tradicional dos Highlanders. As decorações nas facas originais variavam segundo os clãs ou regimentos.
“Shear steel”
Tipo de aço primitivo obtido pelo forjamento de ferro cementado.
“Skinner”
Faca utilitária de pequenas dimensões inicialmente utilizada para a retirada da pele ou couro de animais. Posteriormente, dada a sua portabilidade, ganhou outros usos. “Skin” em inglês significa pele.
Solingen
Nome da mais famosa cidade produtora de cutelaria do mundo. Situa-se na Alemanha e já no século 13 era um grande centro cuteleiro. É limítrofe com Oihligs e Remscheid, que também tornaram-se centros cuteleiros germânicos até os anos de 1930. Em lâminas de modelos comerciais pode estar timbrada mais normalmente com uma das seguintes formas: apenas “Solingen”, habitual até antes da 2a. Guerra Mundial; “Solingen – Made in Germany”, logo após a 2a. Guerra e até os anos finais da década de 1960; ou “Solingen-Germany”, após os anos iniciais da década de 1970.
“Sorocaba” ou “Sorocabana”
Designação da primeira lâmina de “design” genuinamente brasileiro, empregada em facas, facões e até pequenas espadas. O nome provem da cidade paulista de Sorocaba, para onde, desde finais do século 18, se dirigiam caravanas de tropeiros vindos do Sul do Brasil para as tradicionais feiras de gado que lá se realizavam.
“Spanish notch” (literalmente, “entalhe espanhol”)
Pequeno(s) entalhe(s) entre o “ricasso” e o início do fio, normalmente encontrado(s) em facas muito antigas, principalmente adagas/facas mediterrâneas e, afirmam especialistas internacionais, destinado(s) a ser(em) suporte adicional onde se coloca a unha do polegar da mão que a empunha, ou a travar uma lâmina oponente, ou impedir que liquidos deslizem para o interior da empunhadura, ou ainda uma simples forma de decoração para essa parte. Dos modelos mediterrâneos, os “entalhes espanhóis” passaram às facas gaúchas e para algumas Bowies mais antigas.A verdade é que ainda não se descobriu exatamente qual a real utilidade prática dos “entalhes espanhóis”…
“Spear point”
Literalmente, “ponta de lança”. Tipo de lâmina onde o terço final do dorso projeta-se para baixo em arco convexo, o mesmo sucedendo com o fio, de modo que os dois arcos se encontrem no, ou próximo do, eixo.
“Stiletto”
É a palavra italiana para estilete. Tipo de punhal de base larga usado para perfurar e infligir grande traumatismo. Foi usado em toda a Europa medieval, mas ficou famoso na Itália, por ser uma das armas preferidas dos antigos assassinos profissionais e de integrantes da Omertá, da Cosa Nostra, etc. Essa arma branca foi imortalizada no clássico livro (depois filme) do mesmo título, do autor norte-americano Harold Robbins.
Sub-guarda (ing. “sub hilt”)
Nome de uma pequena guarda (simples ou dupla) que é colocada no primeiro terço da empunhadura, logo após a guarda verdadeira, ou “bolster” de facas do tipo “fighter”, ou mesmo utilitárias, destinando-se a melhor travar a mão por reter o dedo indicador. Sua criação é atribuida ao cuteleiro norte-americano Bob Loveless nos anos iniciais da década de 1970, embora já existissem algumas toscas facas de trincheira da época da 2a. Guerra Mundial com essa apresentação.
T |
“Tácoba”
Pronúncia do têrmo africano que designa a espada reta usada pelos famosos guerreiros “tuaregs” (também chamados de “homens azuis”) que habitam o Deserto do Saara desde tempos imemoriais. Segundo a tradição, esta espada é, depois da montaria, o bem mais precioso desses guerreiros (colaboração de Júlio Toledani, Porto Alegre – RS).
Talas de empunhadura (ing. “scales”; esp. “cachas”;)
Material agregado ao “espigão”, “tang” ou estrutura da empunhadura, destinado a melhorar a aparência e a “pega”.
“Tantô”
Pronúncia do têrmo japonês que literalmente significa “espada curta” e que, naquela cultura, ganhou genéricamente o significado de “lâmina curta”. Hoje designa, em todo o mundo e de forma genérica, lâminas com típico “design” daquela origem. De forma clássica, o comprimento máximo da parte aparente (“nagasa”) de uma lâmina de “tantô” deverá de 30,3 cm (1 “shaku”, ou 11.93″), e ter “tsuba”. Caso não tenha guarda, é classificado como “aikuchi”.
“Tatchi”
Pronúncia do têrmo japonês “espada longa” (que também pode ser “daitô), usada desde o Japão feudal. Sua lâmina pode ter o comprimento variando de 62 a 70 cm ou mais.
Têmpera
Tratamento térmico onde uma lâmina é aquecida até que o aço torne-se totalmente rubro e seja bruscamente resfriado, em água, óleo ou mesmo no ar, ganhando dureza. Existe também a têmpera subzero, onde o processo é resfriar a lâmina com o auxilio de gases, até temperaturas iguais ou superiores a 150ºC negativos.
Têmpera Seletiva
Técnica de tratamento térmico com o objetivo de conceder durezas diferentes em partes distintas de uma mesma lâmina, o mais habitual sendo maior dureza na área de fio e menor na área de dorso, embora tenham existido algumas lâminas européias (de facas e canivetes) do século 19 com maior dureza na área do dorso, com o intuito de obter-se fagulhas (e assim fazer fogo) através de golpes em pederneiras ou bastões de aço temperado. O caracteristico “hamon” (ou linha de têmpera) visto nas lâminas japonesas nada mais é do que um tipo de têmpera seletiva. Quando bem executada, a têmpera seletiva concede mais flexibilidade à lâmina, evitando que esta se parta com facilidade.
Thiers
Cidade que foi o maior e mais famoso centro cuteleiro da França, desde o século 16 (colaboração de Jean Lucerne de Britto, Embú das Artes – SP).
“Toh-su” ou “Tozu”
Fonética do têrmo japonês que define uma pequenina faca utilitária nipônica – usada desde o Japão feudal e até nossos dias – com lâmina de comprimento máximo ao redor de 4″ e empunhadura longa e estreita (habitualmente de madeira), cuja porção posterior é levemente inclinada para cima.
Toledo
Cidade espanhola, célebre por sua cutelaria, principalmente na Alta Idade Média, onde rivalizava com Solingen, Alemanha. No mencionado período, tornou-se célebre pelas espadas que fabricava e pelo aço nelas empregado.
“Tomahawk”
Tipo de machado leve utilizado inicialmente pelos índios norte-americanos. Historicamente, o primeiro registro de seu uso (quando ainda de pedra) foi por parte dos índios da tribo Algonquin, na região que é o atual Estado da Virgínia. Comerciantes europeus que forneciam equipamentos copiaram-nos em bronze e aço e estes foram levados às primitivas fronteiras dos EUA por negociantes de peles para troca com os índios. Dada a sua eficácia tanto como ferramenta quanto como arma, foi também muito usado na Guerra da Independência dos EUA, ainda no século 18, e no século 19 pelos homens das montanhas. Existiram em diversos tipos, mas os mais conhecidos são: “pipe tomahawk”, ou “tomahawk-cachimbo” (com um receptáculo acima da lâmina para a inserção de fumo e empunhadura perfurada para a passagem da fumaça), e “spike tomahawk”, ou “tomahawk-espigão” (com uma projeção pontiaguda acima da lâmina).Em nossa página “Textos Selecionados”, veja extenso artigo sobre esses machados.
“Trapper”
Armadilheiro, em inglês. Designação genérica de um antigo tipo de canivete tipicamente norte-americano, normalmente de médias para grandes dimensões (lâmina entre 3 e 5 polegadas de comprimento), habitualmente com 2 lâminas que se abrem para o mesmo lado ou, mais raramente, 3 lâminas (nesse caso, uma delas abrindo para o lado contrário das outras), com pontas de formatos diferentes, muito próprio para trabalhos no campo, até os mais delicados. Esta é também a designação do famoso Modelo 25 da célebre Randall. Os “trappers” foram os canivetes preferidos dos “cowboys” do Velho Oeste.
“Trousse”
Têrmo de provável origem francesa usado para definir – desde o século 16 – uma bainha que comporte faca de caça + faca de mesa e garfo, em compartimentos próprios para cada item. Eventualmente, o “trousse” podia, além da faca de caça, conter instrumentos para o desmembramento e limpeza da caça. No Oriente, caçadores da China, India, Tibete, Manchuria e Coréia também usaram “trousses”, os dessa origem sendo imediatamente reconhecidos por terem “palitos” (de madeira, osso ou marfim) em lugar da faca de mesa e do garfo. A partir do início do século 19, os “trousses” orientais foram também usados por monges peregrinos e outros tipos de viajantes. Alguns antigos “dirks” escoceses também apresentam bainhas com compartimentos próprios para garfo e faca, ou então para uma pequenina faca utilitária, mas não são classificados como “trousse”.
“Tsuba”
Pronúncia do nome japonês da guarda em espadas japonesas. Veja artigo na página de “Textos Selecionados”.
V |
Vazados ou Planos das Lâminas
O mesmo que Biséis.
W |
“Wakisashi”
Pronúncia do têrmo japonês que define “espada média”, usada desde o Japão feudal. Sua lâmina pode ter comprimento variando de 33 a 53 cm.
“Whittler”
Designação moderna para um antigo tipo de canivete de 3 (três) lâminas, uma maior em um dos lados e duas menores no outro. A principal característica dos canivetes do tipo “whittler” é o fato de a lâmina maior utilizar o conjunto de molas das menores para travar-se. Desde o século 19, é o tipo preferido das grandes marcas e artesãos (principalmente ingleses) para expressar seus maiores trabalhos de arte (colaboração de Michael Rethmeyer, de São Paulo -SP).
“Wootz”
Pronúncia do nome dado à “pastilha” (normalmente a massa metálica solidificada no fundo de um pequeno pote ou cadinho, com diãmetro de 7 a 12 cm), que – a partir do século 10 e no Oriente – era fornecida aos cuteleiros para a confecção de barras e posteriormente lâminas com o aço Damasco original. As primeiras menções a espadas de extrema elasticidade fabricadas com o aço de “wootz” datam do ano 540, mas apenas com as Cruzadas, a partir do século 10, é que os europeus tomariam contato com o aço Damasco.
Y |
“Yari”
Pronúncia do têrmo japonês que literalmente significa lança. Eventualmente, a lâmina de uma “yari” podia ser aproveitada para a confecção de um “tantô”, “aikuchi”, etc (colaboração de Kushio Yama, Mairiporã – SP).
“Yatagan”
Arma branca originária do Médio e Extremo Orientes. Este tipo de lâmina foi adotado por algumas culturas balcânicas e posteriormente adaptado em muitas facas e baionetas ocidentais. Caracteriza-se pelo comprimento sendo dominado por graciosa e elegante curvatura no formato de um suave “S”.
Z |
Zytel
Marca registrada da Dupont para um composto formado por “nylon” reforçado com fibra de vidro, que apresenta excelentes níveis de resistência e leveza e é obtido através de processos de injeção. É muito utilizado na confecção comercial de empunhaduras de facas e canivetes modernos.